Crônicas do Isolamento -- Espera. Mas espera do lado de dentro...

1 mês de ‘confinamento’.
4 semanas de um isolamento necessário, mas ainda nem tanto compreendido.

Por aqui, vez ou outra alternamos as casas. Eu e o namorado; eu, o namorado e as pequenas. Um acerto que preza pela exposição mínima de todos, com todo cuidado e proteção que somos capazes de gerenciar.

A cada dia de mudança, a gente dá uma volta maior pela cidade, para fingir uma liberdade que anda cerceada. E, no fundo, não sei se tem feito bem ou mal.
Enquanto a janela do carro vira moldura e traz a cidade enquadrada como alento para os tempos de ficar em casa, o pânico surge ao perceber a enorme quantidade de gente nas ruas.

Não se trata de pessoas que estão indo ou vindo para alguma situação ou ocorrência de serviços essenciais. Vimos grupos de amigos batendo papo, crianças de skate acompanhadas dos pais, casal tirando foto na praia...
Gente, ninguém é imune. Infelizmente, ninguém é imune.
Além disso, não é pelo um, é pelo coletivo.

Por que vocês são mais importantes que eu ou que tantos outros “eus” que estão respeitando a quarentena? Por que vocês acham que são os únicos que não conseguem mais ficar trancados em casa sem poder curtir um solzinho à beira mar? Por que vocês acham que suas crianças são as únicas que sentem falta de correr e brincar ao ar livre?
Coloquem as mãos na consciência!

Sejam humanos.
Não sejam egoístas.

Deixe a circulação e a ocupação das ruas a quem não pode deixar de sair. A que está na linha de frente, se expondo para cuidar dos que precisam.

Domingo de Páscoa passou e, diferente do que eu gostaria, eu não estava com a minha família.
Independente da fé ou da celebração de cada um, para mim esse dia significa - além de tudo - riso, abraço (muito abraço!), almoço com mesa cheia, bate papo sem fim, cafezinho para acompanhar o chocolate, horas passando sem a gente sentir e o ir embora só porque ‘amanhã tem que acordar cedo’.

Chorei.
Chorei de saudade.

Mais uma vez cabe a pergunta: por quê você, que fica gastando saúde na rua à toa, tem esse direito acima de tantos outros que estão em casa se cuidando e, assim, ajudando a proteger a comunidade?

Chorei de raiva.
Chorei de preocupação.
Chorei por não poder fazer nada para garantir que vocês fiquem em casa.

Repense sua atitude.
E não, não é por mim ou pela minha glicemia ou pelo meu risco de pessoa diabética ou pelo meu choro de saudade.
É por cada um que está mantendo distância dos próprios filhos, do amor, da família, dos amigos, da rua, da praia, da liberdade...
Por tudo isso, repense.
Por tudo isso, respeite!

Vamos em frente.
1 mês de confinamento.
1 mês do lado de dentro.
1 mês de adaptação.
1 mês de um sentir mais intenso.
1 mês de observar glicemias que estão se comportando melhor do que o esperado para essa nova fase do viver. (Ufa!!)
1 mês de esperar sem saber até quando vai essa espera...
Principalmente, 1 mês de reforçar a certeza de que, quando a gente faz pensando em quem a gente ama, tudo vale a pena.

Fique em casa.




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