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Mostrando postagens de abril, 2020

Crônicas do Isolamento -- E daí?

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Um casal, duas crianças. Eles, de mãos dadas, a pé; os pequenos na frente, cada um na sua bicicleta. Os quatro mascarados. Os quatro no calçadão, sem necessidade. Quadra de basquete do Aterro do Flamengo. Dois jovens. Sem máscara. Sem necessidade. No entorno, trabalhadores da Comlurb. Eles, essenciais; Os 'atletas', irresponsáveis. Uma profissional que, eu imagino, seja da área médica: coberta com macacão, rosto protegido com máscara. Saindo de um prédio, deve ter ido prestar algum atendimento domiciliar, levando conforto e cuidado a quem precisa. Ela, correta. Ela, essencial. Os outros, circulando a passeio e sem se preocupar com o próximo, egoístas. A categoria dos egoístas anda crescendo. Me entristece um tanto perceber essa verdade. Eu também adoraria andar livremente em um dia de sol, como se fosse só mais um dia comum. Só que não é. Quando o comum é o noticiário sangrando pela tragédia que se espalhou no mundo, ver o egoísmo enraizado dá um aperto enorme no peit

Para cuidar de longe...

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Desde a primeira vez que eu ouvi falar sobre o Libre , sensor de monitoramento constante de glicemia, fiquei na espera. Ele chegou , eu me rendi e sigo por aqui usando há quase 4 anos. Vez ou outra dou um intervalo e volto para os furinhos nos dedos, mas o Libre tem sido meu companheiro nessa vida de doçura. Me habituei totalmente a ter um sensor preso no meu braço, passei a usar o tegaderm para proteger e evitar perder o Libre em um esbarrão e me senti mais livre ainda quando foi lançado o LibreLink , aplicativo de celular que faz a leitura da glicemia diretamente no smartphone. Agora, mais um avanço: um novo aplicativo para monitoramento remoto das glicemias. Esse aí ó:   Explicando: O LibreLinkUp não faz as leituras das glicemias em si, mas recebe as medições que são feitas por outra pessoa através do LibreLink.  Parece confuso, mas não é. Ele permite, por exemplo, que os pais acompanhem a glicemia de um pequeno ou pequena na escola, que a irmã acompanhe a glicemia d

Crônicas do Isolamento -- 136: alô!

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Telefone toca. Na tela: 136. Opa, já sei: Ministério da Saúde. Acompanhando algumas notícias sobre a pandemia (faço questão de não ficar mergulhada nos noticiários, para não pirar), eu sabia destas ligações que o Ministério da Saúde vem fazendo para monitorar casos suspeitos do Covid-19 . "Esta é uma gravação. Confirme se você está disposto a participar". Com perguntas prontas e respostas simples - sim ou não - é possível passar uma visão acerca da condição de saúde de quem está desse lado da linha. - Você está com febre e tosse? - Você está com febre e dor de garganta? - Você está com febre e falta de ar? Não, não, não. "Você não está em situação de risco". Antes de finalizar a ligação, dicas de cuidados para prevenção: se possível, fique em casa; evite aglomerações; se tossir, cubra a boca com as mãos ou o cotovelo; lave as mãos com água e sabão o, caso não tenha, limpe com álcool gel. São menos de 2 minutos que podem fazer a diferença para nós

Crônicas do Isolamento -- Espera. Mas espera do lado de dentro...

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1 mês de ‘confinamento’. 4 semanas de um isolamento necessário, mas ainda nem tanto compreendido. Por aqui, vez ou outra alternamos as casas. Eu e o namorado; eu, o namorado e as pequenas. Um acerto que preza pela exposição mínima de todos, com todo cuidado e proteção que somos capazes de gerenciar. A cada dia de mudança, a gente dá uma volta maior pela cidade, para fingir uma liberdade que anda cerceada. E, no fundo, não sei se tem feito bem ou mal. Enquanto a janela do carro vira moldura e traz a cidade enquadrada como alento para os tempos de ficar em casa, o pânico surge ao perceber a enorme quantidade de gente nas ruas. Não se trata de pessoas que estão indo ou vindo para alguma situação ou ocorrência de serviços essenciais. Vimos grupos de amigos batendo papo, crianças de skate acompanhadas dos pais, casal tirando foto na praia... Gente, ninguém é imune. Infelizmente, ninguém é imune. Além disso, não é pelo um, é pelo coletivo. Por que vocês são mais importantes que e

Crônicas do Isolamento -- Fica em casa!

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Os dias de sol à pino e céu azul são um grande convite para a liberdade. Difícil manter a mente focada na ordem de ficar em casa, com o calor do outono e as cores tão vivas lá do lado de fora chamando. Mas até um dia nublado e chuvoso - em tempos em que sair não é uma opção - me trazem a vontade de ir para a rua (adoro banho de chuva!). Só que é preciso ficar em casa. Acorda, abre a janela, dá uma espiadinha nos arredores, respira fundo... aquele sorriso para o sol dando um alô e um bom dia. Aí vem o primeiro bug do cérebro: - mas tem um monte de gente lá fora! Não consigo entender.  A não ser pelas pessoas que trabalham nos serviços essenciais e que precisam manter a rotina de idas e vindas; a não ser por aqueles que - infelizmente - precisam manter qualquer atividade que gere remuneração em andamento, senão não conseguem se manter comendo e morando; a não ser por aqueles que precisam sair por um momento para comprar remédios, insumos ou o básico necessário para se manter

Crônicas do Isolamento -- Da cumplicidade que vem dos pares...

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Viver com uma ameaça pelo caminho que é invisível aos olhos mas agressiva a ponto de tirar a vida de uma pessoa, é aflito. Apesar de poder ficar em casa quietinha, me protegendo e me cuidando, o assunto - e o vírus - estão por aí, ainda sem previsão de data para ir embora (#vazacorona!). Tento manter a minha positividade e isso me faz um bem danado (daí, inclusive, a decisão por não acompanhar as notícias a tempo e a hora). Mas vez ou outra chega a informação de um caso de alguém que é próximo ou conhecido de amigos, familiares... E aí tem horas que a gente balança. Haja resiliência e calma para seguir no prumo! Há alguns dias soube do caso de uma amiga dessa vida doce com diagnóstico de covid-19 confirmado. Confesso que me assustei! Fiquei meio travada na notícia, depois de ler o depoimento dela sobre os sintomas, a internação e o tratamento. A única coisa que me vinha na cabeça era "risco". O tal do grupo de risco. Nós somos desse grupo. Esaa é a verdade e ponto. C

Crônicas do Isolamento -- Amanhã vai ser outro dia...

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Vai ou fica? Sai ou não sai? Mantém ou mexe um pouquinho? Fica. Fica em casa! Aí vem outra questão: ficar sozinha ou não? Sei que eu estou no grupo de risco. Só que também sei que estou bem e que sigo com foco no melhor controle possível da glicemia, para minimizar esse risco... Por isso, depois de muito pensar e de muito papo com o namorado, decidi que eu ia. Uma mudança rápida, de uma casa para outra, com uma escala no caminho para pegar as pequenas que vão ficar junto pela próxima semana. Energia diferente para renovar os ânimos e trazer uma leveza entre as horas! Na prática, ainda que seja uma mudança só de local, mantendo a limitação de estar 'confinada' em um espaço físico, estar junto é bem melhor. E, em se tratando de limite, a movimentação para sair de uma casa e ir até a outra fica no limite entre uma operação de guerrilha e uma comédia pastelão: papel para apertar o botão do elevador; esquece uma coisa em casa e volta; abre o carro; borrifa a solução de águ