Quando falta educação, sobra preconceito!

Quando ouvi da minha endócrino o meu diagnóstico de diabetes tipo 1, chorei. Chorei muito! 
E sabe por que? Porque eu não sabia, de fato, o que aquilo significava. Achava que eu teria que parar a minha vida, que não poderia mais viajar, tocar tamborim, passear livremente.

O motivo do meu choro não era o diagnóstico em si, mas o medo. 
O medo do que eu não sabia.
E quando a gente não sabe, a gente perde o racional.

Sabe o que resolve isso?
Informação. Educação.

Nesse momento de choro, fui acolhida pela minha endócrino e pela minha ginecologista (que foi quem, de início, já desconfiava dos resultados dos exames e me encaminhou para a endocrinologista... tem mais sobre isso aqui, ó: Senta que lá vem história).

Ali, de imediato, eu entendi que não estava sozinha. 
Foi assim que eu 'aprendi' a ter diabetes, a ser diabética: com acolhimento.

Ouvi, fui ouvida. 
O tratamento seria adequado à minha rotina, e não o inverso. 
Jamais tive que mudar meu dia a dia em função da minha condição.

Muitos falam que eu bato no peito pra dizer que sou diabética.
Não, nem sempre. Não é o diabetes que me move...
Mas se preciso for, pra me defender e defender os meus desse mundo enorme e forte do diabetes, eu bato sim! Bato no peito com força. Arregaço as mangas e mostro meu sensor. Aplico insulina na barriga, na perna, no braço sem vergonha. Ando por aí com meu glicosímetro à tira-colo.

Não tenho qualquer constrangimento.
Constrangimento é discriminar.
Constrangimento é impedir, barrar.

Já fui à Disney. Já fui ao Chile. Já fui à Chapada dos veadeiros. 
Montanhas-russas, vinho, trilhas, salto em cachoeira.
Rio. São Paulo. Paris. 
Carnaval. Shows. Croissant de chocolate. 
La Paz. Machu Pichu.
Bike na estrada! Horas de uma quase escalada no sol. 

Tudo isso e muito mais acompanhado de insulinas e agulhas e tiras teste e monitor de glicemia e sensor e conhecimento.
Quando foi preciso, apresentei atestados.  
Quando foi preciso, expliquei sobre essa bolinha branca presa no meu braço.
Quando foi preciso, apliquei insulina no meio da rua para corrigir uma glicemia. 

Jamais escondi o diabetes.
Não temos que esconder o diabetes.

Não podemos ser barrados por ter diabetes.
Ninguém tem o direito de nos excluir. 

Ninguém e nenhum local é obrigado a conhecer os pormenores do diabetes ou de qualquer doença crônica. Eu também não conhecia até ser diagnosticada. 

Mas todo mundo, todos os locais, são obrigados a respeitar. 
E mais: sem ver o sensor, o parque teria impedido a criança a usar seus brinquedos?
Diabetes não tem cara... Pensem nisso.

Um parque de diversões impedir uma criança de entrar em um brinquedo é cruel e absurdo. 
Exclusão é o caminho errado. 
Se informar e buscar soluções que sirvam para diminuir qualquer risco que o parque entenda existir é o caminho certo. 

Que se retratem sem esse blá blá blá de que estão seguindo o protocolo do fabricante do sensor. Isso é mentira, Beto Carrero! O que o fabricante diz é que não podemos fazer exames como ressonância magnética ou Raio X usando o Libre e também não é recomendado ficar mais de meia hora com o sensor submerso em piscina, rio ou mar. 

Não usem de falsos argumentos para justificar o injustificável.

A  melhor forma de agir é a mais simples: não sabe sobre alguma coisa? Pergunte!
A gente sempre pode esclarecer. 
A gente não se incomoda em explicar.
A gente só se incomoda com preconceito e discriminação.






Comentários

  1. Oi, uso libre e li seu comentário. Também fui na Disney, Eua e Europa, sem problema algum. Gostaria de falar com vc para mais informações e ações contra o parque. Alguma sugestão de como falarmos? Obrigado.

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