Para você que está do lado 'de fora' da situação...

Ei, você... 
Você que não vive a situação, que não teve o diagnóstico da condição: não julgue. 
Você que convive com a condição mas que acha que a forma como o outro faz está sempre errada: não julgue.

Acho que as pessoas pensam que o mundo virtual não precisa de limite. 

Que tornar pública uma história ou uma imagem dá o direito a quem quer que seja de se meter, de agredir e de minimizar o que é sobre o outro. 

Mas deixa eu te contar uma coisa: não é sobre você!
Se você não concorda, tem outra opinião ou pensa de forma diferente sobre uma situação e sobre como conviver com uma doença crônica, tenha respeito e empatia, no mínimo. 

Não julgue.
Não aponte. 
Não duvide. 
Não sentencie. 

Converse! 
Você pode perguntar, você pode se informar. 

É difícil entender qual a motivação de alguém que está do lado de fora e faz questão de se intrometer em glicemias, controles, alimentação, escolhas e no dia a dia da gente.
Mais: que pode se meter até no que não é dito pela gente.

Vou ser bem sincera, comigo acontece bem pouco, de verdade. 
Mas eu tenho visto cada vez mais reações inapropriadas e desrespeitosas nesse grande espaço paralelo da internet. 

No mundo da doçura, os olhos de quem nos vê já mostra o preconceito sem nem saber do que estão falando: 
- Você não devia comer isso.
- Você não devia viajar para tão longe.
- Você pode morar sozinha?
- Você não acha que não deveria tocar em bloco? 
- Você tem que se posicionar sobre esse assunto!
(e, desses aí, eu mesma já ouvi todos!!)

~ Lembrando que aqui estou trazendo a reflexão para o diabetes, mas que a intromissão vai muito além:
A mulher é sempre a culpada 
A mãe é sempre a (ir)responsável 
A roupa que usou
A forma como dançou... e por aí vai!) ~

Roupa não justifica e nem é culpa de quem usa. 
Insulina não é necessária por culpa de quem tem diabetes.
(a falta de insulina sim, é culpa da má gestão da saúde pública pelas autoridades responsáveis...)

Ninguém usa insulina porque não se cuidou como deveria.
Isso é teoria de quem quer julgar, não de quem quer entender.  

Perguntar para entender e saber mais, para buscar educação em diabetes, para trocar experiências e ter até mais seguranças com as inúmeras escolhas que precisamos fazer todos os dias é ótimo e sempre necessário. Isso jamais será um problema. 
A questão é a forma como o questionamento é feito. 

A gente que está aqui com a cara - e a glicemia - exposta também se sente vulnerável quando as coisas não acontecem do jeito que NÓS esperamos. 
Jogar a sua expectativa em outra pessoa não é o caminho. 

De novo: julgamento não é o caminho. 
Apontar erros só para criticar não é o caminho. 

O tratamento do diabetes é individual, pessoal e intransferível. Da mesma forma, a maneira como cada um lida com os altos e baixos do seu controle também.
Não tem padrão, não tem certo, não tem errado.
Errado é achar que 'eu' tenho que fazer o que 'você' acha melhor... 

(Como eu já disse aqui algumas vezes, achismo não é ciência!)

Sem desconsiderar de modo algum o que o presencial tem de benefícios, esse movimento virtual voltado para o diabetes é fundamental. 

Em mais de 12 anos de blog e envolvimento com a causa, eu consigo ver o quanto essa troca é importante e pode mudar a forma como uma pessoa se vê na sociedade, a forma como o autocuidado ganha força, como a cumplicidade entre os iguais inspira para seguirmos lutando até que todos tenham o acesso adequado à tratamento, como essa união e ação coletivas podem reduzir preconceito, eliminar estigmas e mudar estereótipos que não nos definem!

Ainda há muito o que fazer...
É preciso falar sobre diabetes.
Mas é preciso respeito. É preciso união, compreensão.
Mais paciência, menos intransigência. 


  

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