13 anos: por isso tudo, eu só agradeço!

Treze anos atrás, depois de confirmar o diagnóstico de diabetes tipo 1, eu aplicava a primeira dose de insulina de um tratamento que ainda era um pouco nebuloso, mas que eu já sabia que seria o responsável por salvar a minha vida. 

Desde então, todos os dias são de começar e terminar dando um confere na doçura!
Primeira tarefa do dia: medir a glicemia. Última tarefa do dia: medir a glicemia. 
Isso é inegociável, daquelas funções do dia que eu não abro mão. 

- Ah, mas você é toda certinha. 
- Nossa, é tão legal você se cuidar tanto...

Essas são algumas das coisas que eu venho ouvindo nesse tempo todo. 
Sim, sou toda certinha. 
Não, não me cuido porque é legal. Me cuido porque se não for assim, eu realmente vou ficar doente. 

O diabetes tipo 1 não me caracteriza como uma pessoa doente. Eu sou diabética - inclusive, não me incomodo de ser chamada ou identificada assim - e me cuido justamente para que não me torne uma pessoa com complicações ou qualquer questão mais grave de saúde. 

E se tem uma coisa que eu posso afirmar é que desde o primeiro dia como pessoa com diabetes, eu entendi que essa seria a solução. 

Dali em diante, minha endócrino, minha família, meus amigos e a educação em diabetes têm sido meus maiores e grandes aliados. 

Se hoje, 13 anos depois, estou aqui bem, saudável e sem complicações, é porque eu tive apoio. 
O suporte aconteceu sem que eu pedisse e isso deixou tudo muito mais fácil. 
As mão estendidas, todo mundo ao meu redor querendo saber como podiam me ajudar, perguntando o que fazer se eu tivesse uma hipoglicemia... na verdade, querendo entender até o que era uma hipoglicemia. 

Eu tenho certeza que se o começo da minha convivência com a doçura do diabetes tivesse sido diferente disso, eu não teria encarado a nova realidade da mesma forma. 

Esta semana, na consulta de rotina com a minha endocrinologista, ela me perguntou como estava a minha vida e se eu deixava de fazer alguma coisa por causa do diabetes. 
Enchi o peito para responder com a segurança que eu efetivamente sinto que estava tudo indo bem e que não, eu não levo uma vida com restrições e o diabetes não me impediu de fazer ou realizar nada até aqui. 

Sei que não são todas as pessoas e todas as famílias que tem o acesso à informação e à educação em diabetes como eu tive.
Sei que não são todas as pessoas que têm um médico que apóia, ensina, colabora e se coloca como parceiro no tratamento. 
Sei que não são todas as pessoas que tem a grande rede de cuidado e amor que eu tenho. 

Mas eu sei que apesar disso, que apesar de tantos obstáculos que podem surgir no caminho de uma pessoa com diabetes, o diabetes não é uma sentença.

É preciso falar sobre o diabetes.
É preciso lutar pelas pessoas com diabetes. 
Nós podemos tudo, tudo mesmo. Menos produzir insulina no pâncreas.
Eu não sabia disso no dia do meu diagnóstico. Hoje, felizmente, eu sei e posso atestar.

Agradeço aos cientistas, que a cada ano que passa seguem investindo em pesquisas para modernização do tratamento para o diabetes. 
E, no ano em que se celebra o centésimo aniversário da primeira aplicação de insulina da história, eu reforço o meu foco, a minha decisão e a minha dedicação por seguir bem o meu tratamento. 

Insulina é vida. 
Monitorização de glicemia é vida.
Educação em diabetes é vida. 
E um não funciona sem o outro.

13 anos de diabetes com saúde, aprendizado e muitos furinhos no braço, na pança, na perna, nos dedinhos até aqui. 
Que assim seja. 
Até que um dia haja a cura, que assim seja! 

Por isso tudo, eu só agradeço. 
 



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