Crônicas do Isolamento -- Indigna-nação...
Aplico a insulina, tomo meu café da manhã e sigo para começar o dia de trabalho.
Umas duas horas depois, meço a glicemia e acho o resultado esquisito... mas julgo que seja do cansaço, de uma contagem de carboidratos errada, enfim.
O dia corre.
Meço a glicemia, aplico insulina e almoço. Quando olho a doçur amais tarde, aquele pico pós almoço. De novo me causa estranheza, mas deixo passar.
No dia seguinte, a mesma coisa. Aí já não consigo deixar passar de forma tão tranquila. Começo a me procupar, porque pode ser algo além de cálculo errado de insulina.
- Será que é COVID??
No final das contas, era só um frasco de refil de insulina quebrado, que fazia com que a insulina vazasse em vez de entrar na minha pancinha a cada injeção.
A questão é que em tempos pandêmicos a cabeça já leva qualquer comportamento diferente das glicemias para esse lado.
"Já encheu o saco isso, pô"...
E como!
Desta vez eu tenho que conrcordar com o 'desabafo'. É verdade, presidente!
(vocês sabiam que foi assim que o verme reagiu ao ser - mais uma vez - questionado sobre não usar a máscara em uma reunião?)
Pois é, realmente já encheu o saco.
E sabe de que, presidente?
Encheu o saco o descaso com a ciência.
Encheu o saco sentir medo de um vírus que é invisível.
Encheu o saco ter que ficar trancada em casa.
Encheu o saco faltar vacina.
Encheu o saco a falta de ações reais para conter o avanço da pandemia.
Encheu o saco ver o número de novos casos aumentando.
Encheu o saco ver tantas vidas interrompidas.
Isso tudo já encheu o saco!
Quarentena, dia 418: 417.716.
Quatrocentos e dezessete mil setecentos e dezesseis vidas.
Quatrocentos e dezessete mil setecentos e dezesseis histórias.
Quatrocentos e dezessete mil setecentos e dezesseis pais mães tios tias avós avôs filhos filhas primos primas sobrinhos sobrinhas companheiros companheiras amigos amigas...
Nossos governantes preferiram fechar os olhos para a realidade que já se mostrava dura e cruel.
Por esta atitude egoísta, a realidade aqui no Brasil se torna mais dura e cruel a cada dia.
A média de três mil vidas encerradas a cada vinte e quatro horas parece não doer mais nesses sujeitos que deveriam estar se desdobrando para garanrtir a saúde do seu povo.
Indignação é o mínimo!
Duvidaram da única saída concreta: vacina.
Consideraram tudo como um grande exagero.
Estocaram medicamento que não tem comprovação qualquer.
Isso tudo é um crime, um escárnio (mais um) com o povo.
Até quando?
É de uma tristeza tão grande ver que tanta dor poderia ter sido evitada com planejamento, organização e, principalmente, vontade de fazer da maneira correta.
- Ele recusou onze ofertas para compra de vacinas.
- Ele reclama da máscara, o único método que nos garante um pouco de proteção.
- Ele não cumpre com o distanciamento social.
- Ele agride a Chine colocando sobre um país a intenção de espalhar o vírus.
E ele ainda acha que está certo!
Enquanto a gente vai se virando nesse país chamado Brasil para sobreviver nessa gincana, me resta agradecer por ainda ter (será??) sanidade e recursos para manter o diabetes sob controle, por ver os meus com saúde e aumentando a lista dos vacinados.
Ainda faltam algumas doses, ainda faltam muitas pessoas, mas já caminhamos.
E, nesse país chamado Brasil, comemoramos cada passo dessa caminhada.
Vai passar.
Até lá, a quem puder, peço que fiquem em casa.
Aos que estão por aí num movimento negacionista e individualista, se aglomerando porque se acham acima de qualquer recomendação de saúde pelo bem coletivo, repensem.
Sua vontade de fazer exposição da figura não faz com o que o vírus se auto-distrua.
Seu egoísmo mata, fica a dica.
Que a raiva desses seres e indignação por essa parte que nos torna uma 'indigna nação' não nos afaste da razão.
Se não temos líderes que prezam por nós, cabe a nós liderar a mudança.
Nada feito por proteção e amor é exagero.
Se cuidem.
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