Crônicas do Isolamento -- Tem que ver isso aí!
Para quem tanto fala e abraça e encontra e gargalha, a quarentena tem deixado tudo isso um pouco guardado. Não na essência... sigo assim, lá dentro do coração. Mas aqui fora, está difícil manter isso tudo à mostra o tempo todo, enquanto há tanta coisa errada acontecendo.
Agradeço por estar bem, por estar em casa, por poder trabalhar e seguir 'assalariada', desenvolvendo, criando, contribuindo.
Agradeço pelo sossego de um filme na cama, pelo almoço fresquinho, pela insulina disponível, pelos sensores a postos para a próxima aplicação, pela segurança da família e dos amigos.
O que tem me corroído é essa atuação primária e esnobe, egoísta e criminosa da autoridade máxima do país. Segue com seus discípulos entusiasmados pelo grito sem sentido, só porque reflete o que querem ouvir: - tem que abrir; - cloroquina; - vai morrer, é a vida.
Opa, tem que ver isso aí!
Não, não "vai morrer, é a vida".
Não se a gente puder ficar em casa.
Não se a gente puder cuidar e proteger os mais vulneráveis.
Não se a gente tiver uma política real e democrática.
O diabetes, em um certo tempo, foi classificado como doença fatal.
Hoje, passado ao status de doença crônica, o que - geralmente - mata não é a condição em si, mas o descuido com as pessoas: uma complicação chega quando não há informação e tratamento ao alcance de quem precisa; uma fatalidade acontece quando há um diagnóstico errado que encaminha para um tratamento errado.
Sim, eu tenho a clareza de que, mesmo fazendo tudo como reza o protocolo, pode ser que eu tenha uma hipoglicemia ou um pico de glicemia extremo que me leve à uma situação grave. Mas, no geral, tomados os devidos cuidados, eu sei que meu risco é muito menor.
Com a pandemia não é diferente.
Ficar em casa pode não me garantir proteção absoluta, mas me preserva e me expõe bem menos ao risco de contaminação.
Sinto não poder fazer mais.
Sinto não poder proporcionar conforto e segurança.
Sinto por não poder parar a ignorância que mata mais do que o vírus em operações policiais durante o isolamento.
Quarentena, semana 11, dia 77.
É preciso calar o presidente.
É preciso desobediência civil.
É preciso entender que qualquer vida importa.
É preciso que a gente se importe!
Não quero saber se o número ainda crescente no Brasil significa menos de 0,02% da população. Eram vidas...
A guerra contra a epidemia do diabetes é longa, cansativa e necessária. Unimos forças por saber que é possível acabar com o estigma e com o histórico de "eu vou morrer disso mesmo...".
A guerra contra a pandemia é enorme e, aqui, com obstáculos que tem parecido intransponíveis. Que a gente não perca a vontade de brigar pelo todo. Por todos.
Do cantinho do isolamento, que a gente não perca de vista o horizonte na busca e na esperança por dias melhores.
Agradeço por estar bem, por estar em casa, por poder trabalhar e seguir 'assalariada', desenvolvendo, criando, contribuindo.
Agradeço pelo sossego de um filme na cama, pelo almoço fresquinho, pela insulina disponível, pelos sensores a postos para a próxima aplicação, pela segurança da família e dos amigos.
O que tem me corroído é essa atuação primária e esnobe, egoísta e criminosa da autoridade máxima do país. Segue com seus discípulos entusiasmados pelo grito sem sentido, só porque reflete o que querem ouvir: - tem que abrir; - cloroquina; - vai morrer, é a vida.
Opa, tem que ver isso aí!
Não, não "vai morrer, é a vida".
Não se a gente puder ficar em casa.
Não se a gente puder cuidar e proteger os mais vulneráveis.
Não se a gente tiver uma política real e democrática.
O diabetes, em um certo tempo, foi classificado como doença fatal.
Hoje, passado ao status de doença crônica, o que - geralmente - mata não é a condição em si, mas o descuido com as pessoas: uma complicação chega quando não há informação e tratamento ao alcance de quem precisa; uma fatalidade acontece quando há um diagnóstico errado que encaminha para um tratamento errado.
Sim, eu tenho a clareza de que, mesmo fazendo tudo como reza o protocolo, pode ser que eu tenha uma hipoglicemia ou um pico de glicemia extremo que me leve à uma situação grave. Mas, no geral, tomados os devidos cuidados, eu sei que meu risco é muito menor.
Com a pandemia não é diferente.
Ficar em casa pode não me garantir proteção absoluta, mas me preserva e me expõe bem menos ao risco de contaminação.
Sinto não poder fazer mais.
Sinto não poder proporcionar conforto e segurança.
Sinto por não poder parar a ignorância que mata mais do que o vírus em operações policiais durante o isolamento.
Quarentena, semana 11, dia 77.
É preciso calar o presidente.
É preciso desobediência civil.
É preciso entender que qualquer vida importa.
É preciso que a gente se importe!
Não quero saber se o número ainda crescente no Brasil significa menos de 0,02% da população. Eram vidas...
A guerra contra a epidemia do diabetes é longa, cansativa e necessária. Unimos forças por saber que é possível acabar com o estigma e com o histórico de "eu vou morrer disso mesmo...".
A guerra contra a pandemia é enorme e, aqui, com obstáculos que tem parecido intransponíveis. Que a gente não perca a vontade de brigar pelo todo. Por todos.
Do cantinho do isolamento, que a gente não perca de vista o horizonte na busca e na esperança por dias melhores.
{Foto: Rafael Tonassi} |
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