Preconceito: a contramão do cuidado.

Ao longo dos anos, conheci pessoas e conheci outras rotinas. O diabetes é o elo. Os tratamentos são diferentes, assim como a forma de enxergar a condição é diferente.

Diabetes é pessoal e intransferível. Duas pessoas com o tipo 1 são absolutamente distintas, por exemplo. E talvez tenha sido por isso que eu tive tanta dificuldade em entender que os casos de preconceito com pessoas diabéticas eram reais.

Por aqui, nunca passei por uma situação assim. Nem no batuque, nem em casa, nem nas minhas viagens, nem no trabalho. Ao contrário, tenho ao meu redor pessoas dispostas a aprender e ajudar.

Mas infelizmente não é sempre assim.
Já ouvi histórias de gente que não tem apoio da própria família; gente que passa por um processo seletivo enorme e, ao final, acaba sendo 'descartado' porque tem diabetes; gente que até em meio à diversão é taxado como louco, por sentir - no corpo e na alma - as variações provocadas pela doçura do diabetes.

Vez ou outra me perguntam o que pode influenciar na minha glicemia e no meu controle. A resposta é uma só: tudo! Tudinho!!
Calor, frio, cansaço, pouco sono. Gripe, preocupação, até a euforia por uma alegria muito grande.

Diabetes é condição de saúde que tem controle, mas nem sempre a gente tem total comando do leme desse barco. E isso pode refletir no nosso dia a dia...
Alterações de humor, falta de paciência, um esgotamento - físico e mental.
Por causa disso, o preconceito vem.
{Ilustração: @manka_kasha}

Acham que somos menos capazes.
Acham que vamos estar sempre doentes.
Acham que diabetes é fator limitante.
Só que, como eu bem aprendi com a minha mãe, achismo não é ciência.

Tem dúvida? Pergunte.
Não sabe? Pergunte!
Converse em vez de julgar. Ajude em vez de criticar. Respeite em vez de apontar.

No jornal interno da empresa que eu trabalho tem uma coluna que traz "o outro lado" dos profissionais. A advogada que é escritora de romance, o gerente de projetos que é ritmista de escola de samba, a tal engenheira que fez do diagnóstico um novo caminho de aprendizado e até de profissão.

E o mais bacana foi ouvir de algumas pessoas que nem sabiam que eu tenho diabetes.
Que bom! É assim que deve ser, porquê nós não somos somente um diagnóstico.

Como eu não canso de repetir, diabetes não é sentença. É doença crônica séria, mas passível de controle.
Fácil? Não, não!
Mas absolutamente possível.

Discriminação é crime. A Lei Federal 9.029 de 13 de abril de 1995 prevê que "é proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros".

Em alguns estados, já existem leis específicas que tratam de discriminação contra crianças, jovens e adultos com diabetes, sejam em escolas, ambientes, públicos ou provados e no mercado de trabalho.

Quando há informação e esclarecimento, não existe espaço para o preconceito.
Procure entender e acolher.
Discriminar não é jamais será a solução.


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