De 1921 para cá, a luta para garantir a insulina nossa de cada dia!
Em julho de 1921, dois cientistas canadenses descobriam, enfim, um caminho para seguir perseguindo a cura para a doença que, até então, não tinha qualquer saída.
A única alternativa considerada como tentativa a prolongar a vida de pessoas com diabetes era a inanição: se restringia a alimentação para que o açúcar no organismo se mantivesse estável. O resultado era um eventual prolongamento da vida, mas deixando as crianças esqueléticas e sem força. O destino final era conhecido e triste: não havia como escarpar da morte.
No ano seguinte à descoberta que acabou de completar 104 anos e veio para salvar tantos no mundo todo, as primeiras aplicações de insulina aconteceram. Desde então, os estudos e as pesquisas continuam pelos quatro cantos da Terra, na busca da tão sonhada cura para o diabetes.
Mas o que se vê muitas vezes nos dias de hoje é falta de informação, de entendimento - sobre a condição e sobre os diferentes tipos de tratamento - e de educação em diabetes.
Há uns 2 anos, ouvi o relato de uma amiga internada contando que por estar com a glicemia muito alta, foi impedida de comer! Foi tirada dela a última refeição em um dia e só houve nova autorização na manhã seguinte. Isso mesmo, em pleno século 21, uma pessoa com diabetes foi obrigada a ficar sem comer como ‘tratamento’ para a condição.
Tem tanta coisa errada nessa situação que nem sei por onde começar... A equipe de saúde responsável não conhece contagem de carboidratos e, por isso, restringiu a alimentação de uma pessoa que estava COM FOME! Não houve nem a possibilidade de argumentação sobre o quão absurdo era deixar uma pessoa sem comer, quando ela tinha uma alternativa usando a insulina de ação rápida para correção da glicemia e da refeição que poderia fazer.
A insulina que veio para salvar não tem efeito algum se o que encontrar pelo caminho for a ignorância em termos de intonação e cuidado.
Se nós, pessoas com diabetes, precisamos nos manter atualizados em relação à tipos e tempo de ação de diferentes insulina, agulhas menores e que causam menos incômodo, sensores e medidores de glicemias mais precisos (aquela velha conversa de que quem não sabe ao que tem direito não consegue lutar pelo que deveria ser o mínimo...), é fundamental que profissionais e unidades de saúde também acompanhem a evolução do cuidado necessário para uma doença específica.
Um século depois da descoberta da insulina, ainda são muitos os casos de descaso. Complicações que acontecem ou avançam por falta de atendimento médico correto, dificuldade em ministrar insulina em pessoas com diabetes que passam por uma internação hospitalar, desconhecimento de estratégias de controle glicêmico, como a contagem de carboidratos - por pessoas com diabetes e, inclusive, por médicos que tratam essas pessoas...
São muitos, ainda, os obstáculos entre um diagnóstico e o caminho até chegar na aplicação da insulina.
Mais de 100 anos depois e a segurança que deveria ter sido garantida com uma das maiores descobertas do mundo ainda não é, para muitos, uma realidade.
Diabetes não é sentença... ou, pelo menos, não deveria ser.
Precisamos continuar falando sobre o diabetes.
Precisamos continuar cobrando direitos básicos para cada um de nós que convive com essa condição.
Até que a descoberta feita em 1921 seja integralmente acessível para todos!
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