'Tem que' por que??

Sabe aquele papo de que a vida que a gente não mostra dá uma trabalheira danada? 
Cada vez mais eu tenho desejado - e conseguido - não ficar registrando tudo a todo tempo.

E, no fundo, acho saudável e mais prático seguir assim.

Às vezes eu me canso só de pensar no processo que um vídeo de 20 ou 30 segundos leva para ser gravado, realizado e, como já ouvi muito por aí, “roteirizado”.

Quando eu decidi colocar esse blog no ar, lá nos idos de 2010, a ideia era dividir a minha vivência e, principalmente, o que eu aprendia com o dia a dia tendo o diabetes tipo 1 como novo companheiro.

Mas, desde sempre, o que eu queria trazer aqui - e depois no Facebook e depois no Instagram - era o real, o que acontecia de verdade, sem maquiagem, sem filtro.

Viver com uma doença crônica não é fácil.
Eu nunca disse que era e jamais vou dizer.
Acordar e dormir - e fazer tudo no intervalo entre isso - pensando na glicemia e no que, eventualmente, pode acontecer com ela é bem cansativo.

Nesse período, vi nascer e crescer uma quantidade grande de páginas de pessoas e produtos voltados para o mundo do diabetes. 
Acho isso maravilhoso! 
Quanto mais falamos sobre o diabetes, mais visibilidade trazemos para a causa e tudo que ainda falta para que todos tenham o acesso devido à insumos, tratamento, informação, educação. 

O que me deixa preocupada não é a ocupação das redes... com qualidade e veracidade, tudo é válido. 
O que me assusta é a disputa para preencher um espaço só para aparecer, só por cliques, likes, alcançar uma fama vazia. 

Somos muitos.
[infelizmente, o número de pessoas com diabetes aumenta a cada ano, em proporções assustadoras]
Se a gente fizer direitinho, cabe todo mundo nesse vasto planeta da internet. 
Cada um seguindo o que faz sentido, cada um mostrando e refletindo sobre o que aprendeu, sobre o que pode dividir, sobre o que pode - na cumplicidade de quem convive com uma doença crônica - ajudar o outro.

A gente está numa era de que "tem que" tudo! 
Tem que fazer dancinha
Tem que ter uma conta em cada rede
Tem que saber a música (quer dizer, os 15 segundos da música que cabem na publicação) que faz o vídeo chamar atenção
Tem que...
Tem que um monte de coisa sempre!

Fico com a sensação de que isso vem do desespero que começou na pandemia, de que a gente deveria aproveitar que não podia sair e usar todo o tempo de isolamento para fazer e ler e escrever e estudar e realizar e... e... e... e........

Isso passou, ufa! 
Mas a agonia do "tem que" parece estar ainda mais forte e presente.

Que a gente tenha sabedoria para filtrar o que é importante, o que é agregador, o que traz conforto e empatia, o que traz reconhecimento e representatividade, o que traz, na simplicidade máxima, um sorriso, e não estresse. 

Respeito à cada um que confia e acompanha todos nós que dividimos a vida diabética online deve ser a base sempre.


Assim como o tratamento do diabetes é individualizado, da mesma forma deve ser o trabalho e ação de cada um nas redes: levando conta a própria essência e propósito.
Ninguém “tem que” só porque o outro faz!


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