Da doçura ao amargo - da vida e do diabetes - tudo importa!

As vezes me pego pensando no que eu deveria dizer ou escrever ou contar ou nem falar sobre essa vida diabética.

E se por um lado isso me deixa meio perdida porque eu fico pensando que deveria sempre comentar sobre as faltas de insumos e de acesso ou dos novos tratamentos e das promissoras pesquisas, por outro essa coisa de me perder me leva pra um lugar de conforto: eu não sou a vida com o diabetes. O diabetes não é a única missão dos meus dias. Eu sou a vida com tudo o que ela tem, inclusive o diabetes.

Eu acordo, meço a minha glicemia pelo celular mesmo, vez ou outra checo na ponta de dedo, dou uma olhada pra ver se o tegaderm usado para proteger o sensor dos meus cálculos errados de espaço entre meu corpo e o batente da porta está bem colado ainda... Aí levanto e, mesmo na preguiça do resquício de sono, começo o dia.

- tem que fazer compras porque o queijo tá acabando

- tem que comprar agulha, abri a última caixa!

- será que vai estar frio durante a viagem do feriado?

- preciso confirmar uma informação e responder ao fornecedor assim que chegar no escritório... 

- compro mais um biquíni?

E por aí vai.

Na última noite fui dormir mais tarde do que esperava, mas não conseguia parar de ler sobre viagens alheias. Esse tipo de livro tem me pegado de jeito! Passo nervoso e celebro as conquistas junto com as viajantes (sim, os 2 últimos que li e o que estou lendo agora são de experiências de mulheres viajantes independentes).

Aí me dou conta - senta que lá vem filosofia! - de que a vida é, por si só, uma grande viagem independente. Com diabetes ou não, com qualquer outra condição, outros planos, outras vontades, outros desafios. 
Nosso caminho é traçado levando em conta tudo que nós somos e tudo que nos cabe cuidar ou dar atenção a cada dia, mas não é traçado POR CAUSA ou EM FUNÇÃO da nossa condição. 

Tem dias que eu não vou querer falar sobre o diabetes ou sobre glicemias ou canetas ou sensores (mas podem me chamar se tiver promoção e desconto!). Tem dias que só vou querer falado disso. 

Tem dias que vou estar mergulhada nos meus contratos cheios de engenharia e de soluções (e problemas...) e expectativas. 
Em outros, a expectativa vai ser em planejar uma possível (quem sabe!) viagem para o próximo Congresso Mundial de Diabetes da IDF em Bangkok.

Só sei que a aventura de viver passa pela doçura que corre no meu sangue, mas não depende e nem é direcionada por ela.
E se em algum momento eu não sei o que dizer sobre diabetes, vou dizer sobre família e músicas e chocolate e vinho e carnaval e amigos e minha casa e livros e escrita tudo o mais que soma o que eu sou e não tem como listar. 

Ah, falando em escrita, me dei de presente novas oportunidades... 
Uma Formação Literária para Escritores com duração de 9 meses e, agora, um curso em junho sobre Inventar Pessoas (a fantástica atividade de criar uma personagem). 

Sigo rabiscando sentimentos para me lembrar da doçura da vida e da doura - até quando amarga - da convivência com o diabetes.

Porque tudo importa!


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