Crônicas do Isolamento -- Para os novos dias…
Há exatos três anos eu saía da empresa com a orientação de levar comigo o computador e me preparar para trabalhar de forma remota pelas duas semanas que se seguiriam.
Antes que esse período se completasse, a nova ordem foi dada: em função dos novos casos de covid que vinham sendo registrados de forma bem rápida, deveríamos ficar em casa por dois meses...
A pandemia estava declarada pela Organização Mundial de Saúde. A falta de informações mais concretas e claras sobre essa tal doença não ajudava em nada nesse processo de reclusão obrigatória.
O resto dessa história triste e que deixou um rastro de medo e indignação pela forma como foi conduzida aqui no país, todo mundo sabe.
Hoje, vacinada e respirando a vida do lado de lá das janelas novamente, por vezes até esqueço que o vírus ainda segue ativo por aí. Se não com a mesma criticidade quando da época em que a gente precisou se trancar em casa, ainda com o alerta que cabe em uma emergência global.
Estamos em um momento de vacina bivalente para reforçar a imunização (não vejo a hora de chegar a minha vez!), mas quando aparece um sintoma que pode significar covid dá uma preocupada, não tenho como negar.
Na última semana eu estava com uma tosse seca e com a glicemia bem esquisita. A sensação era de que a insulina não fazia efeito.
Estou com as minhas quatro doses de vacina devidamente aplicadas e ainda assim não consigo relaxar totalmente com esse tal coronavírus quando isso acontece. Enfim, foram dois testes - com intervalo de seis dias entre eles - e os dois tiveram resultado negativo. Ufa!
Sobre a glicemia, fiz o que era o mais certo: liguei pra minha endócrino e expliquei o que estava acontecendo. Pode mesmo ter sido essa gripe que descompensou a doçura. Fizemos uns ajustes nas doses de insulina rápida e agora estou monitorando a glicemia mais vezes ao dia para acompanhar a evolução das novas doses de Fiasp.
Nesse "tudo novo de novo" que a vida vem sendo pós o caos da pandemia, todo dia é uma readaptação.
O trabalho remoto e o dia mais lento em casa; o trabalho presencial e a (quase) falta de prática de sair com bolsa, mochila, horários, transportes e afins. O almoço no restaurante perto do escritório ou o almoço cheio de preguiça e com comidinha caseira. O café cheio de boniteza numa fugida entre reuniões ou o cafezinho com aquele biscoitinho que está dando mole na cozinha. A energia que vai e vem nessa retomada cheia de falta de ritmo da rotina…
De repente o movimento parou.
A gente foi obrigada a parar. Mesmo sem entender, mesmo sem saber porquê.
Nos coube confiar e esperar.
O mundo mudou.
A gente mudou.
A dose de insulina mudou.
Recuperar o ‘antes’ é impossível. Só que é preciso caminhar, ir em frente. Viver! Voltando a viver um 'todo dia' novo.
Tá na hora de colocar as coisas nos eixos.
Corpo, mente... Exames, consultas - nessa reorganização, descobri que estou há um ano remarcando e remarcando as minhas consultas com a endocrinologista!!
Agenda ajustada, consultas marcadas (agora em definitivo) e um ano todo - de adaptação - pra explorar!
Que venham dias leves (e glicemias na meta!!).
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