Crônicas do Isolamento -- A vida de viés...
Lá se vão 261 dias desde o início efetivo dessa quarentena.
Enquanto sigo em casa e tento dosar a equação racional x emocional - e, em paralelo, conter a raiva por quem parece ainda não acreditar no tamanho do estrago que esse virus pode causar - tenho buscado manter o foco no que é possível e está ao meu alcance.
A quem nega que a doença ainda está solta pelo ar, basta ver os números que voltaram a crescer no Rio e em quase rodos os outros estados do país.
Jornais falam de segunda onda. Eu penso em uma onda que nunca chegou a virar marola nesse período. Ao contrário, diferente do que se previa, agora ela chega derrubando independente de idade, raça, gênero, convicções de atleta...
Mesmo assim, bares e praias lotados.
Shows e restaurantes lotados.
Shoppings e salões lotados.
Sol, calor, cerveja, diversão, aglomeração... Barba, cabelo e bigode; unha, maquiagem, botox.
Roupa nova para o final do ano...
Hospitais lotados!
Nâo entendo.
Falta respeito, falta cuidado, falta compaixão.
Sobra egoísmo.
Não consigo não pensar num "e se...". E se nós tívessos implementado uma política que vai além das máscaras e do diatanciamento? E se nós tívessemos estabelecido um lockdown por um ou dois meses? E se nós tívessemos mantido a consciência de ficar em casa, visto que não há respostas exatas ou absolutas sobre as consequências de uma contaminação?
Mas não foi assim.
Eu não tenho saído nem para comprar insulina ou os meus insumos. Agulhas, canetas, refis, lancetas, sensores: tudo comprado por telefone ou internet e tudo devidamente esterilizado com álcool 70 assim que tiro da embalagem que vem das farmácias.
Exagero? Que seja. Prefiro chamar de cuidado.
Com tanto tempo dentro de casa, o corpo e a mente sentem. E aí, a glicemia sente também.
Exercícios, uma alimentação bacaninha alterando os dias com as pizzas; uma vitamina de morango trocando de lugar com o sorvete; o pilates deixando espaço para um pão na chapa de manhã. O equilíbrio em foco!
Assim chega dezembro em um ano que parece ter parado lá em março.
Um ano que veio reforçar valores e amores.
A saudade dos abraços, da família, dos amigos, dos espaços tá aqui, guardada e acumulada.
Que a ciência - parte fundamental e que ajuda a cada um que convive com a doçura do diabetes desde a descobertada insulina - seja guia e nos traga a segurança e a possibilidade de respirar do lado de lá das paredes, junto com os nossos e sem máscara!
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