Consulta em tempos de pandemia: que dilema!

Uma hipoglicemia daqui, outra dali... Mais uma, e mais outra e um movimento de repetição percebido numa sequência quase diária. Só tinha uma coisa a fazer: chamar a minha Super Endócrino! Mandei uma mensagem para ela e decidimos que, como já tinha um certo tempo que eu não ia lá, o ideal era marcarmos uma consulta. 

Ela voltou a atender pessoalmente há dois meses - inclusive, por trabalhar em hospitais e ter ficado na linha de frente, ela teve COVID logo no início das pandemia - e eu estava realmente precisando sair de casa, ainda que fosse para uma consulta médica!

Desta vez, fui sem exames (não consegui achar o último que tinha feito de jeito nenhum... e estava achando isso bem estranho!). 

Máscara, álcool, carona do namorado para ir e vir, me poupando de taxis ou transporte público. No prédio onde fica o consultório, o único incômodo: pessoas que não respeitam regras!! Só podem dois no elevador, entra um terceiro [fiquei tão chocada que nem consegui agir...], tem que usar máscaras, mas as madames estavam passeando pelas lojas como se nunca tivessem ouvido falar nisso. Enfim, o egoísmo dessa gente estúpida.

Segui na minha, com os cuidados adequados, por mim e pelo próximo, e cheguei para o meu compromisso de doçura. Já na porta do consultório, a secretária me esperava com álcool gel para as mãos e aqueles protetores descartáveis para sapatos.

Entrei e logo percebemos a realidade desse momento tão estranho: os abraços ficaram suspensos no ar e no olhar. Em 11 anos de relação médica-paciente que se tornaram amigas, foi a primeira vez... 

Papo daqui, papo dali... antes da paciente e da médica, só Juliana e Monique. A pessoa antes da doença e do diagnóstico, sabe? Isso tem um valor e um significado enormes. A força de paciente vem do valor demonstrado pela pessoa... 

Mas vamos às vias de fato: a verdade - assustadora! - é que a última vez que eu tinha me consultado foi em setembro de 2019. 1 ano!! Como assim??

O que aconteceu é que eu deveria ter feito os exames em dezembro para voltar no início de 2020. E não fiz. E nem voltei! Quando me dei conta disso no início desse ano e estava prestes a organizar essa pendência, veio a quarentena. Pronto, tudo ficou pausado.

De lá para cá, falamos por mensagens algumas vezes, para um cuidado e acompanhamento remotos, para tentar garantir que não estava nada fora dos eixos. Sim, eu estava postergando a consulta presencial por conta da falta de isolamento aqui no Rio. Os cariocas parecem ter definido, por si só, que a pandemia acabou... não entendo! 

Daqui, era hora de abrir um pouco a guarda para dar atenção ao que é necessário. A consulta aconteceu com a maior tranquilidade. Gráficos do Libre nas mãos, confirmação das doses atuais de insulina, atualização sobre a minha volta ao pilates e, nesse momento, uma luz: essa era, provavelmente, a razão das hipos repetitivas da manhã quase madrugada. 

Saí de lá com alguns deveres de casa:

  • Manter o equilíbrio na alimentação, mesmo com as 'folguinhas' para um lanchinho mais abusivo
  • Não me preocupar com o peso (estava numa ansiedade danada achando que tinha engordado horrores nesse período de isolamento e foram 2 quilinhos e meio só!), porque está tudo como deve ser 
  • Colocar os meus exames (muuuuitos exames) em dia, para que a gente possa dar uma avaliada geral
  • Ficar de olho nas glicemias e ajustar a dose de insulina basal [aquela de todo dia], se os episódios de hipo continuarem a acontecer (aqui vale uma observação: já definimos os ajustes a serem feitos, caso seja necessário... não vou fazer nada sozinha e de forma aleatória)
  • Continuar firme com o pilates!!!!

Foi um alívio ouvir que, mesmo depois de tanto tempo sem esse acompanhamento-guia da minha endócrino, está tudo bem, com glicemias dentro da meta na maior parte do tempo, de acordo com as minhas metas de tempo no alvo.

A pandemia - infelizmente - continua e é preciso que a gente não ignore este fato. Todo cuidado é pouco, só que cada um sabe de si e sobre o que deve ser prioridade. Sim, eu deixei passar um tempão sem acompanhamento médico por achar que assim estaria me protegendo absolutamente. São dois pesos e duas medidas. Temos que - individualmente - colocar tudo na balança e escolher sempre o que é mais relevante e importante para a nossa saúde como um todo. 

E não, isso não significa que você pode sair por aí fazendo o que quiser sem proteção e colocando em risco a vida de quem está no entorno. Ser saudável também significa ser responsável - com você e com os outros! 

Inspira. Respira. Até pira! Mas segura, vai em frente e não esquece que vai passar.







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