A Rima da Insulina
A editora conseguiu negociar com a gráfica, a impressão ficou prontinha logo no início de outubro e, quando os livros foram entregues eu já estava em Berlim. Viajei com a adrenalina lá em cima, tanto pelo Patients Advocates Engagement Journey, o evento da Novo Nordisk do projeto Changing Diabetes, quanto pelo lançamento do meu 'A Rima da Insulina', que ia acontecer poucos dias depois.
A previsão inicial era que o livro fosse oficialmente lançado em novembro, já como uma ação para chamar atenção para o Dia Mundial do Diabetes. Quando foi proposta a nova data - antecipando em praticamente um mês - eu só hesitei por conta da minha data de retorno de Berlim: o lançamento seria dia 06 de outubro, a partir do horário do almoço; eu chegaria ao Brasil no mesmo dia, às 05h!!
E assim foi...
Uma volta tranquila, mas cheia de ansiedade.
Alguns amigos que estavam em Berlim tiveram os voos cancelados ou atrasados e eu já fiquei tensa por tabela. Mas meu voo saiu no horário e a conexão também.
Cheguei no Rio cedinho. Consegui tirar um cochilo de uma horinha em casa e depois o foco já era todo no evento de lançamento do livro.
Até aqui, eu já tinha visto as fotos do livro pronto, só não tinha experimentado a sensação de ter o 'A Rima da Insulina' em mãos.
Pegar o livro prontinho, passar cada página... me apaixonei! Tudo que eu tinha pensado junto com as meninas parceiras que fizeram esse projeto acontecer - a Pati Castro, ilustradora, a Pat Capela e a a Tati Kely, da Quase Oito - estava ali, de verdade.
Cada pedacinho do texto, cada ilustração! O pedido de uma 'mãe pâncreas' para ajudar sua pequena docinha estava ali, impresso, colorido, cheio de amor e em forma de um livro que me encantou do começo ao fim.
Conheci a Helena há uns 3 anos. Sabendo do susto que ela tinha levado com o diagnóstico da filha (a Sofia), a Carol, uma amiga em comum, marcou um café da manhã para que a gente se conhecesse e conversasse. Quem sabe assim, eu ajudaria a Helena a acalmar o coração. Da mesma forma que eu entrei em pânico pela falta de informação sobre a condição, a Helena também estava meio sem chão.
Diabetes é assim... chega sem avisar, assusta sem nem pedir desculpa. Até que, com conhecimento, educação e muita paciência, a gente entende que ele não é uma sentença e que podemos viver bem com ele.
Entre a compreensão daquela nova vida, depois do atropelo do diagnóstico, dos furos nos dedos e das injeções de insulina, a Helena me pediu um 'socorro': pouco tempo depois do nosso encontro, a Sofia começou a perguntar por quê ela precisava tomar injeções todos os dias. Como dizer isso para uma pequenina de maneira que ela entenda?
- "Ju, escreve um texto, me ajuda a explicar isso para a Sofia!"
Uau! Que missão!
Eu sabia que o texto não ia nascer assim, na pressão, e nem da noite para o dia. Mas eu também sabia que eu não ia esquecer aquele pedido e só ia sossegar até que entregar essa encomenda cheia de amor...
Pois bem... Este ano o texto surgiu.
Cabeça e coração a postos, dedinhos nervosos escrevendo a história da Nina e do Pedro. A história do açúcar que não chega no ponto final. A história da Nina que rima com insulina e do Pedro que rima com furo no dedo. A história de cada docinho que tem uma força que vai além do tamanho deles. Que brincam, comem feijão, andam de patinete e que têm diabetes.
Mandei para a Helena e ficamos, as duas, emocionadas com a minha Nina, a Sofia transformada em prosa e verso.
Junto com a Nina, nasceu a história do meu Pedro. A inspiração veio do Rafael, um menino cheio de alegria e energia lá de Brasília.
Carol e Rafa eu não conheço pessoalmente; Helena e Sofia não moram mais no Rio. Mas seguimos 'juntos' na doçura do diabetes, no aprendizado compartilhado, na saúde, nas glicemias que vem e vão, na luta pela causa.
A Carol, mãe dele, deixa a gente participar do dia a dia do Rafa da mesma forma como a Helena divide os dias da Sofia e tal como eu abro meus dias doces para quem quiser participar: através das redes sociais. Quanta potência nesse caminho, não é?
Agora, o meu desejo é que 'A Rima da Insulina' seja, através da brincadeira, uma ferramenta para as crianças, para os nem tão crianças, para os que já cresceram e não perderam a magia do olhar infantil. Para familiares, amigos, cuidadores. Para médicos, especialistas, professores...
Eu desejo que o sorriso e a doçura desses pequenos, tanto Nina e Pedro quanto Sofia e Rafa, e a fortaleza dessas mães seja inspiração para muitos!
O dia 06 de outubro aconteceu e foi lindo!
Foi lindo ter a minha família, os meus amigos, minha Super Endócrino, pessoas que acompanham o blog, outras que estão estudando sobre a importância da educação e da informação, a família da Sofia (quanta emoção!!)... Que energia boa! Tantos abraços, tantos beijos, tantos sorrisos trocados. Tanta felicidade!!
Sofia e Helena, Carol e Rafa presentes, com certeza. A eles eu agradeço imensamente por confiar em mim e por me ensinarem sempre.
A cada um que segue do meu lado nessa vida cheia de insulina, muito, muito, muito obrigada por eu nunca ter estado sozinha.
Amo vocês.
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