Da doce escolha...
Essa semana tive a oportunidade de conhecer e bater um papo bem bacana com a mãe de uma docinha recém diagnosticada.
Entre muitos assuntos, falamos de como é importante que a pequena não perca a confiança de que a vidinha dela vai seguir numa boa, mesmo com toda a rotina de furos e glicemias e injeções.
Para isso, tão importante quanto a postura dos pais no dia a dia (mesmo quando eles estão cheios de dúvidas e medos) é fundamental que a família, a escola e quem convive com a criança jamais sintam e demonstrem pena.
Sim, pequenos não deveriam ficar doentes nem precisar ser submetido a tratamentos invasivos. Mas sim, isso acontece. E a pena só vai trazer insegurança.
O diabetes é tratável e quando bem controlado, não traz qualquer problema. Pode ballet, pode brigadeiro de vez em quando, pode futebol, pode biscoito... O que não pode é achar que a partir do diagnóstico a gente não pode mais nada.
Estou lendo um livro ('Toda luz que não podemos ver, do Anthony Doerr - recomendo!) e hoje um trechinho me pegou de jeito: "...as pessoas disseram que eu era corajosa. Mas não era coragem; eu não tinha escolha. Acordo todos os dias e vivo minha vida. Você não faz a mesma coisa?"
É isso! Não tem coragem, tem o fato de que é as vezes é a única opção.
Quantas vezes já ouvi "se fosse comigo, eu não ia conseguir"; "eu jamais viveria tomando injeções todo dia"; "acho que eu morro se tiver diabetes".
Não, acredite em mim, não morreria!
Você não quer morrer sabendo que existe tratamento. Você não quer morrer sabendo que pode se cuidar e viver super bem. Não se trata de coragem, se trata de escolha.
Os dias chatos acontecem, o cansaço aparece, a paciência some, mas tudo isso passa.
Outra pergunta que já me fizeram diversas vezes é sobre o que me motiva a seguir no tratamento. A resposta é simples: viver.
Viver no sentido pleno.
Viver e viajar. Viver e ir ao cinema.
Viver e trabalhar, estudar, passear.
Dormir e acordar e decidir fazer de cada dia o que eu quiser, como eu quiser. Sempre muito bem acompanhada do meu glicosimetro e das minhas insulinas (gratidão sempre, Sir Frederick Banting!!).
Não é?!
Agora peço licença, que o dia está só começando. Vou ali, volto já!
Comentários
Postar um comentário