Sobre duas rodas, na maior aventura dos dias latinos!

O inimaginável! Quando um dos amigos sugeriu, fiquei com o pé atrás. Um certo medo só em ouvir o local ande seria realizada a aventura: Estrada da Morte, Bolívia.

A Estrada da Morte, conhecida também como 'Camiño de los Yungas', foi construída na década de 30. Reza a lenda que o fato dela ser tão estreita e sem qualquer proteção, foi uma maneira de vingança dos construtores da época: prisioneiros de guerra escravizados!

Por que razão faríamos isso, então??
Porque seria uma oportunidade sem igual!

Depois de bater papo com um outro amigo aventureiro, que já tinha feito essa rota de bike no início do ano, fui convencida pela emoção que ele passava, enquanto contava e me mostrava algumas fotos...

Topei por saber que seria diferente de tudo que já tinha feito e visto por aí.
Sabia que não seria simples e que o exercício envolvido era muito mais do que eu estou habituada.

Chegando em La Paz, fomos ainda no primeiro dia procurar a agência. Apresentações concluídas, percebi que a estrutura oferecida dava suporte: cada um receberia capacete, jaqueta e calça de proteção, uma bicicleta de primeira, com duas suspensões, e lanches ao longo do percurso para manter a energia (apesar disso, tinha levados meus quitutes na mochila).

Além de tudo isso, seríamos acompanhados por dois guias e teríamos um ônibus de apoio.

A ansiedade no dia era enorme! Encontramos o nosso grupo cedinho (no total, éramos 10 pessoas) e seguimos de ônibus até o ponto de partida do trecho que seria feito pedalando.

Uma vez equipados, pegamos nossas bicicletas e depois das instruções, estávamos prontos!


Estava na hora de explorar os 68km de natureza e do desconhecido!!

Altitude inicial: 4.700m.

Os primeiros 20km foram em estrada asfaltada, o que para mim funcionou para me adaptar à bike e ao frio, que ainda estava fazendo companhia.

A boa surpresa é que nenhum de nós sofreu por causa da altitude.

A partir do km 20, seria um novo desafio: todo o restante do percurso seria por uma estrada de cascalho. Pedras soltas, areia e, diferente do trecho inicial, uma única via. Ou seja, seria preciso dividir o espaço com a passagem eventual de outros veículos. 

A cada 6 / 8 km, uma parada para reunir o grupo, ouvir as informações sobre o trecho seguinte e 'reabastecer'. Eu tinha tomado um café da manhã reforçado e uma dose de insulina de jejum 30% menor do que a minha dose padrão. Nestas paradas, bebia um gole do isotônico que recebemos antes da largada, mesmo sabendo que continha açúcar: preferi garantir uma reserva a correr o risco de uma hipoglicemia.

A cada etapa concluída, uma comemoração e um furo no dedinho para ver como meu doce estava se comportando. 

Durante todo o trecho percorrido, a minha concentração foi absoluta! Não tinha espaço para qualquer deslize. 

Dos 68km totais, os 10km de subida foram feitos por todo o grupo de ônibus.

No meio do caminho, o inesperado, mesmo sabendo que havia o risco: uma amiga caiu. A apreensão foi grande! A lente dos óculos escuros que ela usava quebrou e fez um corte no supercílio. 
Os primeiros socorros foram feitos pelo guia de um outro grupo e logo depois, por um de nossos guias. 
O problema foi que a ambulância, que deveria estar a postos em algum ponto da rodovia, não estava em lugar nenhum! Apesar dela precisar voltar para La Paz, acabou ficando com a gente até o final. 

Decidi medir a glicemia depois do susto e, como eu imaginava, tinha dado um baita pico: 308 mg/dL.
Enquanto esperávamos até que tudo estivesse resolvido, sabia que o meu doce também ia começar a voltar ao normal. Mas cheguei a questionar se continuaria pedalando ou se iria no ônibus... 

Enfim, depois de mais ou menos uma hora e sabendo que ela estava bem, apesar do incômodo pelo corte, seguimos e eu vi que dava para continuar de bike. 
Como os meninos perceberam que eu tinha ficado meio hesitante, com a decisão por seguir em frente eles foram me escoltando por um tempo. 
Super obrigada meus queridos, fez muita diferença!

Nesse ponto, o sol já tinha aparecido. O dia ficou mais agradável e pudemos tirar parte das roupas de frio que estavam por baixo da roupa de proteção. 

Fui até o km 60, firme e forte de bicicleta. Dali em diante, não consegui. As palmas das minhas mãos estavam bem doloridas por causa do esforço para controlar a bicicleta no cascalho e o calor estava demais!

Os 8km finais eu fui no ônibus, já repassando toda a grande aventura do dia. 

 Um misto de êxtase, tensão e alegria. Conquista e superação!

Num lugar que parece intocado, a sensação de estar sendo engolida pela natureza. 



Altitude final: 1.500m.
Glicemia final: 144 mg/dL.

Eu só tinha a agradecer. 




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