Crônicas da Menopausa -- Deixar ir, Deixar vir.
Passei a vida ouvindo da minha avó que envelhecer é uma merda.
De fato, fácil não é.
Mas, a outra opção é não estar aqui pra envelhecer, né…
A menopausa me deu um sacode e me fez enxergar que eu realmente já entrei nessa fase, que eu estou envelhecendo.
Sem drama, é só constatação mesmo.
Com 47 anos, a questão é entender o processo e escolher como eu quero passar por isso.
Com 47 anos, a questão é entender o processo e escolher como eu quero passar por isso.
Se de um lado o corpo pesa mesmo sem quilos extras, a energia vem menor do que já foi naqueles tempos de querer fazer mais coisas do que caberiam em 24 horas e o espelho me mostra todos os dias que a pele esticadinha já divide espaço com as ruguinhas no canto do olho, do outro tem a cabeça trabalhando fabricando ideias e acreditando nelas como nunca antes, o reconhecimento de tanto realizado até aqui e a vontade de seguir criando e explorando - o mundo e as possibilidades que os dias oferecem.
Acho que minha avó tem razão até certo ponto.
É esquisito a gente não ter a mesma disposição, a gente perceber que a resposta aos estímulos está mais lenta ou mais seletiva…
Mas, a maturidade do tempo e a alegria de poder acompanhar o envelhecer da minha mãe, das minhas tias e da minha avó me trazem, hoje, uma visão diferente dessa sentença: envelhecer é uma merda se a gente não consegue aceitar e se preparar para isso.
E para muito além de boa alimentação e da prática de exercícios, a "preparação" dentro da cabeça e do coração são essenciais.
Enxergar com orgulho e satisfação o reflexo no espelho das benditas rugas que chegaram com o tempo vivido e representam conquistas, sonhos, aprendizado, gratidão e até o que pode nem ter sido tão bom assim é necessário!
Deixar mente e corpo se acertarem com tudo de novo que vem com o envelhecer.
Reconhecer que algo vai ficar para trás
Aceitar que tempo é fugaz
Lembrar que, contudo, a escolha é a gente que faz.
Como bem diz o poema da artista Camila Lordelo (Eulíricas), "deixar ir é deixar vir".
Na menopausa e, a cada ano, nas novas idades também.
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