Insulina Portátil: 15 anos de Envolvimento, Educação e Realização | II - Juliana Maia -- A amigona desde os tempos da adolescência!
Para seguir contando a história desse blog, que se confunde com a minha história com diabetes, eu chamei a Ju.
Ju, minha amigona, parceira, irmã de vida, é a Juliana Maia.
Médica pediatra, dedicada, que cuida com base no amor, para muito além dos consultórios e hospitais.
Médica pediatra, dedicada, que cuida com base no amor, para muito além dos consultórios e hospitais.
A gente se conheceu na escola, lá nos idos de 1992, e desde então nunca se largou.
A curtição da adolescência, a formatura com foco no vestibular, a cara nos livros para alcançar o que cada uma buscava no caminho profissional... a celebração da graduação - ela na medicina, eu na engenharia.
E tantas outras celebrações ao longo desse anos vivendo a vida juntas.
A curtição da adolescência, a formatura com foco no vestibular, a cara nos livros para alcançar o que cada uma buscava no caminho profissional... a celebração da graduação - ela na medicina, eu na engenharia.
E tantas outras celebrações ao longo desse anos vivendo a vida juntas.
E, sem me preocupar com pieguices, eu afirmo que essa amizade vai bem no conceito "na saúde ou na doença, na alegria ou na tristeza".
Já passamos por situações de euforia e celebração e por outras em que o choro e o abraço era a única saída.
Não à toa, logo que saí da consulta com a endócrino com o diagóstico do diabetes tipo 1 no meu colo, foi para ela que eu liguei.
Avisei a família, respirei fundo, chorei mais um tanto, comprei tudo que eu precisava e liguei para a Ju.
Além de toda a intimidade e da relação de confiança construída, na minha cabeça ela seria a pessoa ideal para me tranquilizar porque, afinal, é médica.
Do outro lado da linha, a Ju tentava engolir o choro e aquela notícia sem sentido que eu dava para ela:
"Sou amiga da Juju desde os tempos de escola. Além disso, sou médica pediatra e, na época da faculdade, escolhi fazer meu internato eletivo em endocrinologia.
Curiosamente a residente na época era a médica que acompanharia a Juju em toda essa jornada...
Acompanhei pacientes com diabetes na época da faculdade e quando fiz residência médica de pediatria. Os pacientes adultos que chegavam muitas vezes já vinham com lesões causadas pela doença descontrolada de longa data. As crianças e adolescentes sempre com suas mães lutando para conseguir ajustar as condutas. Muitos furos nos dedos, adolescentes perdidos e, por isso, transgressores até.
Mas também muitos médicos parceiros e crianças resilientes passavam por ali.
Me lembro como ontem do dia em que a Juju me ligou. Eu havia encontrado com ela no mês anterior e a tinha achado muito emagrecida. Me acendeu um alerta e pensei: tem algo errado. Ela disse que estava acompanhando, que sua médica tinha pedido vários exames.
Quando ela me disse o que os exames diagnosticaram, eu chorei. Muito! Acho que uma hora sem parar depois que desliguei o telefone.
Ela calma, serena. Já tinha comprado tudo, já estava aprendendo como fazer. Eu pensei: “está em negação, não sabe de nada”.
Na verdade quem não sabia era eu.
Tinha visto as crianças recebendo o diagnóstico e os adultos que não se controlavam bem. Eu não tinha visto esse modelo de paciente que se engaja no tratamento, que busca fazer tudo certo, que toma as rédeas da sua vida e coloca a doença 'no chinelo'.
Ela sempre foi assim: "o problema está aí, vamos pra cima dele".
E aí eu vi a Juju pegar o diabetes e fazer com ele uma dança tão bonita...
Quem ficou de queixo caído fui eu. Ela me fez estudar tudo de novo, reaprender, abrir a minha visão. Descortinou pra mim um outro mundo do diabetes. E, quando eu tive diabetes gestacional, foi pra ela que eu liguei pra pedir ajuda.
Hoje, onde trabalho, qualquer criança que tenha diabetes, ou recém descoberto ou paciente já lidando há mais tempo, sou sempre eu que vejo. Faço o discurso do que eu aprendi com esses anos de convivência com Juju mais doce: o diabetes é uma doença crônica, quem tem vai ter que usar medicação todos os dias, como quem tem problema de tireóide (como eu). E, com acesso a educação e seus insumos, vai viver uma vida normal.
A vida é assim. Todos somos diferentes, cada um com suas necessidades, seus brilhos, seus talentos, suas adaptações. Que o mundo possa aprender com ela o tanto que eu aprendi."
Eu nem preciso dizer o quanto eu me emociono lendo e ouvindo esse relato da Ju, né...
Digo e repito que ter uma rede de apoio em que você confie e conte de verdade faz toda a diferença em como vamos encarar um diagnóstico.
Amigona, que a gente siga assim, lado a lado, nas agulhadas para controlar a glicemia, no brilho de tantos carnavais, na dureza que vez ou outra dá uma sacudida e em cada comemoração das nossas conquistas.
Te amo um tantão e agradeço por ter tido você comigo nessa montanha russa diabética desde o primeiro momento de fato...
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