Congresso de Pediatria: Diabetes em destaque!
Entre os dias 10 e 12 de outubro aconteceu, aqui no Rio, o XII Congresso de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro, o CONSOPERJ.
O tema central do Congresso foi Emergência e entre tantas matérias o diabetes era uma delas. Numa mesa redonda, 4 especialistas:
Claudia Braga Monteiro, endocrinologista, que presidiu a mesa; Marilena de Menezes Cordeiro, Renata Szundy Berardo e Daniel Luis Schueftan Gilban, endocrinologistas pediátricos.
Tive a oportunidade de assistir e acompanhar as apresentações e discussões finais. Os assuntos foram a abordagem inicial do paciente diabético, cetoacidose e hipo e hiperglicemia na idade escolar, praticamente um complementando o outro.
Como colocado pela Dra. Renata, a cetoacidose pode ser difícil de reconhecer. Os sintomas, que além da glicemia acima de 250 mg/dL inclui a desidratação, não são tão perceptíveis. Na maioria das vezes acaba sendo diagnosticada quando o paciente busca um auxílio médico-hospitalar.
Já existe no mercado um glicosímetro que verifica a cetoacidose na ponta de dedo, mas isso não é amplamente acessível. Ficamos com a informação como maior ferramenta então...
Alguns fatores de risco estão associados:
- Controle glicêmico ruim ou cetoacidose prévia
- Meninas adolescentes
- Omissão de doses de insulina
- Doenças psiquiátricas
- Situação familiar instável
- Acesso limitado aos serviços de saúde
Por sua vez, o diagnóstico do diabetes tipo 1 costuma chegar de sopetão e uma grande dificuldade que eu identifico é a falta de conhecimento sobre a condição. Falo por mim (já contei inúmeras vezes por aqui que eu não só não soube reconhecer os sintomas como não sabia a diferença entre os tipos 1 e 2)!
A Dra. Marilena comentou que muitos pais e responsáveis chegam com crianças com perda de peso mas como eles seguem comendo bem (polifagia), não há um alerta claro emitido; muitas ainda usam fralda, o que acaba mascarando a poliúria (urina em excesso).
Vale ressaltar: por mais estranho que possa parecer, formigas presentes na fralda ou próximas ao vaso sanitário podem indicar açúcar na urina.
O que fazer então depois desse susto? Injeção? Furinhos nos dedos? Horários a serem cumpridos à risca? As regras - e as dúvidas - são muitas e o impacto no dia a dia da família é grande.
É preciso não excluir a criança, dar apoio, participar. Aí entra a educação em diabetes com um papel fundamental no tratamento. Dosagens corretas de insulina são imprescindíveis, monitorar a glicemia é a base, mas a informação e o conhecimento devem estar de mãos dadas.
A mãe, o pai, a tia, o avô tendem a se sentir culpados por ligar o diagnóstico da criança (ou mesmo de um adolescente ou adulto) à um caso de um parente distante que tem diabetes tipo 2. E não, não é isso. Enquanto a família se prepara para lidar com a questão médica recém chegada, existe uma missão árdua de derrubar mitos e estigmas que ainda cercam esta doença.
- Minha vizinha perdeu um pé.
- A avó do meu amigo não enxerga mais.
- O primo do meu professor não pode comer nada!
Assim, é muito importante esclarecer a família sobre o que é o DM1 e quais os objetivos do tratamento e de cada ajuste na rotina que será preciso para manter um bom controle.
Um fator alarmante foi destacado pelo Dr. Luis: o aumento frequente de novos diagnósticos de DM2 em adolescentes!!
Hábitos alimentares com opções por fast foods e o sedentarismo, num momento em que a tecnologia domina as preferencias e acaba se sobrepondo às atividades físicas mais corriqueiras, são os vilões.
Ainda nesta fase entre a infância e o começo da vida adulta, o medo de engordar, o medo de ser o diferente, o receio de não se encaixar nos padrões da turma... Os riscos deste comportamento são os extremos: hipoglicemia e hiperglicemia. Muito tempo sem comer, não medir a glicemia, a vergonha por precisar parar ou sair da sala de aula podem levar à uma queda da glicose, da mesma forma como não aplicar a insulina ou escolher lanches mais pesados sem a devida correção levam à uma subida brusca da glicemia. As conseqüências são muito sérias e podem ser irreversíveis.
De novo, é preciso informação, conhecimento.
É preciso falar, incansavelmente, sobre diabetes!
Uma pergunta antes de terminar: questionei à mesa qual é a opinião sobre as insulinas análogas. Com a constatação de que demanda um custo mais alto, o desejo de poder fornecer um tratamento que traz maior qualidade de vida e que possa ser acessível a todos os pacientes.
Na torcida, então!
Eu estava lá representando meu IP, minha vida doce. Acima de tudo, eu estava lá como nós, como o nosso Movimento Rio, como meus amigos diabéticos blogueiros, especialistas e docinhos tão queridos que me ensinam diariamente.
Registro meu agradecimento à Cris (Cristina Dissat, jornalista atuante na área há bastante tempo) e à Dra. Isabel Rey Madeira, presidente desta edição do CONSOPERJ, pela oportunidade, pelas conversas e pela participação.
Mais uma vez, o objetivo foi afirmar que é possível viver bem com o diabetes. Conviver com esse tal não precisa ser pesado e nem mesmo representar uma limitação.
O caminho é a educação. O caminho é a experiência compartilhada.
O caminho para combater esse 'buraco' é extenso, mas nós vamos em frete e vamos juntos!
O tema central do Congresso foi Emergência e entre tantas matérias o diabetes era uma delas. Numa mesa redonda, 4 especialistas:
Claudia Braga Monteiro, endocrinologista, que presidiu a mesa; Marilena de Menezes Cordeiro, Renata Szundy Berardo e Daniel Luis Schueftan Gilban, endocrinologistas pediátricos.
Tive a oportunidade de assistir e acompanhar as apresentações e discussões finais. Os assuntos foram a abordagem inicial do paciente diabético, cetoacidose e hipo e hiperglicemia na idade escolar, praticamente um complementando o outro.
Como colocado pela Dra. Renata, a cetoacidose pode ser difícil de reconhecer. Os sintomas, que além da glicemia acima de 250 mg/dL inclui a desidratação, não são tão perceptíveis. Na maioria das vezes acaba sendo diagnosticada quando o paciente busca um auxílio médico-hospitalar.
Já existe no mercado um glicosímetro que verifica a cetoacidose na ponta de dedo, mas isso não é amplamente acessível. Ficamos com a informação como maior ferramenta então...
Alguns fatores de risco estão associados:
- Controle glicêmico ruim ou cetoacidose prévia
- Meninas adolescentes
- Omissão de doses de insulina
- Doenças psiquiátricas
- Situação familiar instável
- Acesso limitado aos serviços de saúde
Por sua vez, o diagnóstico do diabetes tipo 1 costuma chegar de sopetão e uma grande dificuldade que eu identifico é a falta de conhecimento sobre a condição. Falo por mim (já contei inúmeras vezes por aqui que eu não só não soube reconhecer os sintomas como não sabia a diferença entre os tipos 1 e 2)!
A Dra. Marilena comentou que muitos pais e responsáveis chegam com crianças com perda de peso mas como eles seguem comendo bem (polifagia), não há um alerta claro emitido; muitas ainda usam fralda, o que acaba mascarando a poliúria (urina em excesso).
Vale ressaltar: por mais estranho que possa parecer, formigas presentes na fralda ou próximas ao vaso sanitário podem indicar açúcar na urina.
O que fazer então depois desse susto? Injeção? Furinhos nos dedos? Horários a serem cumpridos à risca? As regras - e as dúvidas - são muitas e o impacto no dia a dia da família é grande.
É preciso não excluir a criança, dar apoio, participar. Aí entra a educação em diabetes com um papel fundamental no tratamento. Dosagens corretas de insulina são imprescindíveis, monitorar a glicemia é a base, mas a informação e o conhecimento devem estar de mãos dadas.
A mãe, o pai, a tia, o avô tendem a se sentir culpados por ligar o diagnóstico da criança (ou mesmo de um adolescente ou adulto) à um caso de um parente distante que tem diabetes tipo 2. E não, não é isso. Enquanto a família se prepara para lidar com a questão médica recém chegada, existe uma missão árdua de derrubar mitos e estigmas que ainda cercam esta doença.
- Minha vizinha perdeu um pé.
- A avó do meu amigo não enxerga mais.
- O primo do meu professor não pode comer nada!
Assim, é muito importante esclarecer a família sobre o que é o DM1 e quais os objetivos do tratamento e de cada ajuste na rotina que será preciso para manter um bom controle.
Um fator alarmante foi destacado pelo Dr. Luis: o aumento frequente de novos diagnósticos de DM2 em adolescentes!!
Hábitos alimentares com opções por fast foods e o sedentarismo, num momento em que a tecnologia domina as preferencias e acaba se sobrepondo às atividades físicas mais corriqueiras, são os vilões.
Ainda nesta fase entre a infância e o começo da vida adulta, o medo de engordar, o medo de ser o diferente, o receio de não se encaixar nos padrões da turma... Os riscos deste comportamento são os extremos: hipoglicemia e hiperglicemia. Muito tempo sem comer, não medir a glicemia, a vergonha por precisar parar ou sair da sala de aula podem levar à uma queda da glicose, da mesma forma como não aplicar a insulina ou escolher lanches mais pesados sem a devida correção levam à uma subida brusca da glicemia. As conseqüências são muito sérias e podem ser irreversíveis.
De novo, é preciso informação, conhecimento.
É preciso falar, incansavelmente, sobre diabetes!
Uma pergunta antes de terminar: questionei à mesa qual é a opinião sobre as insulinas análogas. Com a constatação de que demanda um custo mais alto, o desejo de poder fornecer um tratamento que traz maior qualidade de vida e que possa ser acessível a todos os pacientes.
Na torcida, então!
Eu estava lá representando meu IP, minha vida doce. Acima de tudo, eu estava lá como nós, como o nosso Movimento Rio, como meus amigos diabéticos blogueiros, especialistas e docinhos tão queridos que me ensinam diariamente.
Registro meu agradecimento à Cris (Cristina Dissat, jornalista atuante na área há bastante tempo) e à Dra. Isabel Rey Madeira, presidente desta edição do CONSOPERJ, pela oportunidade, pelas conversas e pela participação.
Mais uma vez, o objetivo foi afirmar que é possível viver bem com o diabetes. Conviver com esse tal não precisa ser pesado e nem mesmo representar uma limitação.
O caminho é a educação. O caminho é a experiência compartilhada.
O caminho para combater esse 'buraco' é extenso, mas nós vamos em frete e vamos juntos!
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