Pessoal, intransferível e sem culpa!

No mundo do diabetes, a tão sonhada glicemia de 100mg/dL é carinhosamente representada por um unicórnio.

Assim com o ser místico, essa glicemia cravada é difícil de encontrar.
Não impossível, mas mais difícil.
E sabe por que?
Porque depende de muita coisa! 

Depende da nossa disciplina, de seguirmos corretamente o tratamento com as dosagens certas de insulina, de ter ou não o acesso à educação em diabetes, de ter os medicamentos e os insumos sem faltar nada.
Além disso, depende se tivemos uma boa noite de sono, se a gripe bateu, se o cansaço assumiu o corpo, se a ansiedade se fez presente…

São inúmeros (diria até que infinitos) os fatores que podem interferir na glicemia.
No dia a dia, eventualmente a gente acorda com alguma preocupação ou o trabalho dá mais trabalho ou a alergia surge ou o chute no balde acontece e ponto!

Basta que apenas uma dessas variáveis se apresente e lá se vai o controle glicêmico.
Posso até apostar que essa é uma das únicas certezas que a gente tem sobre a convivência com o diabetes.

E quer saber o que mais? 
A culpa.
Tomei insulina demais? Culpa.
De menos? Culpa também.
Demorei pra medir e tive hipo… Culpa.
Precisei remarcar a consulta com a endócrino? Culpa!
Desmarquei pra esperar mais um tempinho e ver se as glicemias dão uma melhorada? Culpa de novo.

Mesmo que lá no fundo a gente saiba que não vale a pena carregar essa culpa, que o diabetes tem dias bons e outros nem tanto, que a dedicação total e absoluta à convivência com a doçura no sangue não garante resultados lindos e incríveis, a culpa fica por aí, pairando no ar. Tipo aquela bolha indesejada que vez ou outra aparece na caneta de insulina. 
Haja peteleco no refil para dissipar o que não deveria estar ali.
Haja serenidade para mandar a tal da culpa embora!

Se tem algo que eu garanto é que comparar nosso controle, nosso tratamento, nosso dia a dia, nosso tempo de dedicação aos cuidados que o diabetes demanda e - por quê não? - nossa paciência (ou a falta dela) com outras pessoas diabéticas não vai nos levar à lugar nenhum.
Se for para aprender e dividir as experiências, ok, é sempre bom. Caso contrário, precisamos parar de buscar parâmetros que não são nossos.

Lembrando que o tratamento para o diabetes deve ser individualizado sempre! Aquele papo de pessoal e intransferível, sabe?

Insulinas e sensores e doses e contagens de carboidratos podem até ser comuns entre pessoas com diabetes, mas a meta definida para o tratamento deve ser de cada um. 

Que assim seja, para mim e para vocês. 
Sem peso, sem comparações. 
Somos únicos e a nossa condição também é. 

E quando alguém tentar te colocar sob os holofotes de cobranças e generalizações, não tenha medo de falar e explicar sobre tudo que temos que gerenciar nessa vida com diabetes. 

Que os unicórnios venham, mas sem peso e com segurança.















Comentários

  1. Anônimo7/1/23 19:53

    Como eu gostaria de ajudá-la no controle dessa glicemia!! Bom se eu pudesse ficar grudadinha em você!! Rs
    Uma coisa quase impossível!!!

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