No que eu posso te ajudar?

Proteja sua família.
A afirmação forte e incisiva representa o tema escolhido pela Federação Internacional de Diabetes para o Dia Mundial esse ano.

Eu sempre estive rodeada pela família. Entendi desde cedo a força que ela traz e até a falta que faz quando não está presente. E aí a gente cresce, sente mais, entende mais. Nesse caminho, eu aprendi também que família não é só aquela que divide o DNA, vai muito além...

E quando eu penso nessas famílias, esse 'proteja sua família' tem um significado maior ainda.
Para começar, a sensação é de segurança. Proteção tem cuidado, tem carinho, tem amor. Reconheço e agradeço tanto!!

Minha família é força. É comunhão. É base e porto seguro. Meu Norte, sempre.
Só por ser assim é que eu tenho certeza que meu diabetes não me acertou em cheio. Foi por ter essa fortaleza ao meu redor que o meu diagnóstico, minha aceitação e minha adaptação à condição foram possíveis e aconteceram de maneira leve, mas com a firmeza que era preciso.

Escuto muito, de diferentes pessoas, que acham muito bacana a forma como eu levo à vida com diabetes, como eu encaro o meu tratamento. Taí, isso também é resultado de todo o suporte que eu recebi.

Nunca me vi sozinha ou excluída. Ao contrário, a busca por adquirir informação por parte da minha família - incluindo aqui aquela adquirida, a dos amigos que viram família - foi enorme.

Passados 10 anos daquele sustão inicial, quis saber como a minha mãe, minhas tias e minha prima que é irmã enxergam toda essa missão hoje.
Perguntei o que elas sentiram quando eu contei sobre o diagnóstico e o que mudou em relação a isso hoje...

A resposta delas traduz o que a decisão de “ficar de bem” com o diabetes me trouxe:

"Eu recebi a notícia pela Cilene. Fiquei muito preocupada porque você ia viajar para a França e eu não sabia muito sobre o diabetes. Depois que desligamos o telefone, chorei por desconhecimento e medo. Agora você tira de letra, tá aí cheia de vida esbanjando alegria”. (Tia Ci)

“Eu fiquei apreensiva, mas não podia passar insegurança. Você tinha acesso à informação e condições para se tratar. Con isso você ia ter uma vida normal. Quando você disse que não ia mais à Londres, eu disse pra você ir, que ia dar tudo certo, e assim foi!
O que mudou é que esse novo mundo te trouxe um baita aprendizado e com isso você conseguiu ajudar muita gente”. (Mamy)

“Na verdade já existia uma certa preocupação porque você trabalhava demais e estava muito magrinha. Quando veio o diagnóstico, ele foi na verdade uma resposta para aquela preocupação pregressa. Não foi bom saber que, tão nova, ia precisar lidar com uma questão de saúde que exigiria cuidado e atenção contínuos. Precisaria rever toda a alimentação, horários, cuidados... E com o estilo de vida corrido e de muitas viagens longas a trabalho, parecia que poderia ser complicado. Gerou insegurança e apreensão... Mas logo após o susto inicial, pensei em quem era você e sabia que existiam a coragem, a responsabilidade e a disciplina necessárias para que tudo ficasse bem. Eu tinha um pequeno entendimento sobre as hipoglicemias e elas ainda me assombravam, principalmente pelas viagens que viriam. Depois de 10 anos, mudou tudo: o entendimento sobre o diabetes aumentou e a preocupação com as hipoglicemias diminuíram por conta do seu entendimento e da sua organização para lidar com elas. Você se tornou um exemplo para mim e também para outras pessoas com diabetes ou não. Fez da insegurança instrumento para estudo e transformou o diabetes em qualidade de vida”. (Ana)

“Eu levei um baque, fiquei muito assustada. Quando eu vi que você reagiu da melhor maneira possível, com muita força e fé, eu relaxei. E, realmente, fui acompanhando 'a rima da insulina' e acreditei cada vez mais no tratamento”. (Dinda)

Recentemente assisti à uma palestra do Márcio Libar, ator e palhaço. Em um movimento de conexão com a gente, ele faz uma afirmação que me acertou em cheio: “quando você conta a sua história de uma maneira engraçada, diferente, você revisita a sua história se tirando do lugar de vítima”.
Acho que o engraçado não é exatamente o meu jeito de mostrar essa vida convivendo com o diabetes, mas o diferente, o que bate de frente com um pseudo padrão, sem dúvida!
E se consegui caminhar até aqui fazendo assim, é porque minhas famílias me deram a segurança e o apoio que eu nem sabia que precisava.

Obrigada!
Esse é o sentido de proteger a família.

Para terminar esse mês de conscientização, apoio, esclarecimento e força, perguntei a elas o que diriam para um familiar de alguém que acabou de ser diagnosticado.

Tia Ci: “Leiam o blog da minha sobrinha. Ela explica tudo sobre diabetes e tem uma vida normal”.

Mamy: “O susto inicial é grande, mas com os cuidados necessários pode levar a uma vida normal”.

Ana: “Diria para todos que também passam por esse diagnóstico, para terem calma e para buscarem o máximo de conhecimento possível com médicos e educadores. Se tornem íntimos do diabetes. Hoje, existem grupos e também grandes influenciadores digitais nas redes sociais que podem mostrar que a vida segue normal depois de um diagnóstico de diabetes, basta levar seus dias com organização, coragem e alegria assim como você faz!”.

Dinda: “Digo que a pessoa, quando sabe o diagnóstico deve achar que é o fim do mundo. No  momento que começarem a ler mais, verão que poderão viver uma vida normal. No momento que começam a interagir com outros... e quando encontram uma Juliana na vida... acreditam mais ainda que poderão ser muito felizes”.

Se você está do lado ou por perto de alguém com diabetes, estenda a mão. Se envolva, de coração. A doçura trazida pelo diagnóstico pode ser leve...

O Dia Mundial do Diabetes é um  dia como outros qualquer. Um dia só não garante que as glicemias vão se comportar, um dia só para lembrar do porquê é importante saber o que fazer quando a glicemia não se comportar não é o suficiente! Mas já é um começo.
Que tenhamos mais dias inspirados por todo o aprendizado e toda a consciência que esse novembro cada vez mais azulado apresenta.
Vamos juntos?!
Como eu posso te ajudar?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Esqueci!!

Um balanço semestral...

A diferença que traz dúvida...