Dos dias e da vivência lá nos Emirados...
Voltei!!
Agora, já em casa, o balanço geral desses dias nas arábias...
No dia de partir para Abu Dhabi, o frio na barriga apareceu!
Estava nervosa. Não seria a minha primeira viagem longa, mas desta vez o destino era um país do oriente, com hábitos e crenças bem diferentes dos meus e dos quais eu estava acostumada.
Não tinha medo, mas gerenciar a ansiedade por participar de um outro congresso da Federação Internacional de Diabetes, com a responsabilidade de representar a nossa Revista EmDiabetes, lá do outro lado do mundo e sozinha, não foi uma tarefa exatamente simples.
Embarquei carregando aquele pôster como se fosse a maior riqueza do planeta. Naquele pedaço de lona estava a chance do nosso trabalho ser visto e conhecido por pessoas de diversos países, de todos os continentes.
Além disso, todas as dúvidas possíveis sobre qual seria a melhor maneira de fazer a cobertura do Congresso: Definir um tema por dia para acompanhar? Buscar pelos especialistas? Focar nos simpósios?
Cheguei com um dia de atraso na terra dos camelos. Saímos do Rio uma hora e meia depois do previsto e, com isso, a conexão em Londres foi perdida. Ok, nada mal passear por 'London London'... valeu até encarar o frio. A única coisa ruim é que eu chegaria domingo, véspera do primeiro dia de Congresso, e tinha planejado o dia livre para me ambientar pela cidade e dar uma analisada com mais afinco na programação científica dos cinco dias de evento.
Pouso / imigração / mala / transfer / hotel! Ufa!
Algumas horinhas de descanso me separavam do IDF2017.
No dia 4 de dezembro eu estava lá, fazendo meu registro como delegada e como imprensa.
Crachás e material na mão... valendo!!
Em 2013, no Congresso Mundial de Diabetes da Austrália, eu estava por minha conta. A carga em cima do trabalho aprovado também era grande, afinal era uma paciente entre tantos especialistas. Mas o risco era só meu.
Agora, era o meu nome junto com o de outros 7. Sem meio termo, ou dava certo para todos ou dava errado para todos.
A vergonha que ainda me acompanha em algumas situações teria que ser deixada de lado.
Quem estava ali era a Juliana representante da Revista. Uma representante por todos os 8.
Foco no trabalho e em frente!
A cada dia uma experiência diferente.
A cada dia um assunto - novo ou velho - chamava a atenção de uma maneira.
De uma palestra vinham registros que gerariam ideias e dariam forma a outras matérias.
De uma conversa com uma pessoa, outra era apresentada.
De um assunto específico, outros tantos surgiam.
As discussões eram da primeira à ultima hora do dia.
Nosso trabalho lá, pronto para ser visto.
Nosso trabalho aqui, sem parar.
Acompanhamos o Congresso e divulgamos a tempo e a hora.
O peso da causa do diabetes fez o Sheik de Abu Dhabi se fazer presente na abertura do IDF2017.
É epidêmico. É sério.
E também é viável.
Foi bacana ver que em quase todas as palestras, fossem de educação, tratamento, tecnologias, a conclusão era semelhante: "o diabetes é uma parte de mim, mas não me define".
Pacientes, médicos, profissionais de saúde, educadores. Os exemplos vieram das fontes mais distintas, mas todos mostrando que a força vem quando acreditamos que o diabetes não deve ser um fator limitante e impeditivo, que a força deve começar dentro da gente.
Uau... é isso!
E aí isso cai por terra no momento em que você escuta um depoimento de quem tem a força e a independência negadas na base, seja por falta de apoio do entorno - família, amigos, círculo social, trabalho - ou por uma depreciação absurda que ainda acontece em algumas culturas, levando a crer que quem é diagnosticado com diabetes deixa de ser útil.
Enquanto se propaga a visão de que com educação e controle a vida com diabetes não chega nem perto de ser uma sentença, existem aqueles que só enxergam a pessoa com diabetes como um estorvo.
De tudo que eu vi, li e ouvi, isso foi o que mais me chamou atenção. Posições e posturas tão conflitantes. Como pode?
Se por um lado se discutia a falta de insumos que o Brasil e muitos outros países enfrentam, por outro era preciso também falar de discriminação e falta de tratamento por vergonha ou medo de exclusão.
Enquanto se falava das ações necessárias em casos de desastres naturais, também se destacava o número de casos de depressão associados ao diagnóstico.
Se a gente acredita que um conceito foi amplamente entendido, entre tantas histórias a gente percebe que tudo pode ser maior, pode ir além. É assim com a educação em diabetes. Mais do que saber da importância e do papel que ela representa, é fundamental considerar os hábitos e crenças do local, para que o programa de educação tenha pela eficácia.
O que fica de conclusão, na minha visão, é que a questão deve ser sempre avaliada e cuidada na íntegra. Não a doença, a pessoa.
Não somente a glicemia, mas os sentimentos.
Não somente os horários de aplicação de insulina, mas a rotina real do dia a dia de cada um.
Ah sim, e falando em cada um: cada um deve ter um tratamento seu, único, próprio.
- Ah, mas isso é óbvio.
Na teoria sim, na prática nem sempre.
Então, o alerta segue.
Foram 5 dias de informação sem fim.
5 dias de conversas, contatos e muito trabalho.
5 dias admirando cada uma daquelas pessoas que se dedica a fazer da vida das pessoas com diabetes o melhor possível.
Acabou e eu estava esgotada. E estava plena!
Mais uma vez eu tive a oportunidade de participar de um evento que é o maior do mundo sobre o tema.
Tanto aprendizado!!
Agradeço à Cris, a quem tenho uma gratidão imensa por ter me colocado nessa empreitada do jornalismo e da comunicação social. Mais: pelos ensinamentos e pelo caminho que tem me ajudado a trilhar.
À equipe da nossa Revista, pela parceria e confiança. Estávamos todos lá no Congresso!
À Claudia Pieper e Sonia Castilho pela orientação, o conhecimento dividido, a companhia e o riso.
À turma de brasileiros que esteve junta por lá e fez os dias serem mais leves.
Meu trevo, sem você essa viagem não teria acontecido.
Muito, muito obrigada!
No meio dessa correria toda entre trabalho e passeio - claro!, a glicemia me deu boas rasteiras.
Curioso né?! Justamente quando o mundo se encontra para falar sobre a doçura...
O fato é que praticamente nada vinha com informação nutricional.
A 'chutagem' de carboidratos não deu tão certo e ainda teve o fator fuso horário (6 horas a mais em Abu Dhabi), que interferiu principalmente na chegada lá.
Nada que me tirasse o prazer do trabalho e nem interferissem nas horas tiradas para explorar a cidade.
No mercado eu descobri três produtos zero acúcar, um biscoito e dois sucos, que tinham a informação sobre a quantidade de carbos, mas só.
A única vantagem é que a refeição especial chega antes de servirem as demais.
Tive uma hipoglicemia no voo de volta, já na conexão.
Previsível... dois dias vagando em aeroportos até conseguir de fato embarcar para o Rio, sem comer direito, cansada, irritada.
Ataquei um chocolate que estava na mochila e quando a comissária chegou com o meu almoço, ela logo percebeu que eu estava em uma "sugar rush". A minha expressão devia ser de um certo pânico, porque eu nem precisei falar nada para ela concluir que eu estava realmente com pressa de ingerir açúcar e sair daquela situação!
Não tive problemas, mas uma hipo grande (foi uma LO...) em um voo a 40.000 pés de altitude foi tensinho.
Depois de toda essa comilança, o rebote.
Pois é, essa pressa do açúcar me fez devorar toda a refeição sem parcimônia e sem nenhuma dose de insulina de ação rápida para garantir a quantidade de carboidratos que estava ingerindo.
Lá foi a glicemia de uma vez só para o alto e avante!!
Corrigi, assisti mais um filme, dormi e só me restava acalmar os ânimos e esperar as horas de voo que faltavam.
Cheguei, a semana passou voando e ainda estou organizando tudo por aqui.
Enquanto isso, a certeza de que quando fazemos algo em que acreditamos, o resultado vai ser sempre positivo.
..."Minha trupe vai levantar poeira
Todo dia eu tô de prontidão
Guardião do prazer, da brincadeira
E gratos por sua atenção
Revelamos aqui de mão primeira
Mas se é sonho ou verdade eu não sei não"...
(Sonho / Rodrigo Maranhão)
Nos cabe seguir buscando o melhor, para a gente e - principalmente - para cada pessoa que convive com o diabetes.
Agora, já em casa, o balanço geral desses dias nas arábias...
No dia de partir para Abu Dhabi, o frio na barriga apareceu!
Estava nervosa. Não seria a minha primeira viagem longa, mas desta vez o destino era um país do oriente, com hábitos e crenças bem diferentes dos meus e dos quais eu estava acostumada.
Não tinha medo, mas gerenciar a ansiedade por participar de um outro congresso da Federação Internacional de Diabetes, com a responsabilidade de representar a nossa Revista EmDiabetes, lá do outro lado do mundo e sozinha, não foi uma tarefa exatamente simples.
Embarquei carregando aquele pôster como se fosse a maior riqueza do planeta. Naquele pedaço de lona estava a chance do nosso trabalho ser visto e conhecido por pessoas de diversos países, de todos os continentes.
Além disso, todas as dúvidas possíveis sobre qual seria a melhor maneira de fazer a cobertura do Congresso: Definir um tema por dia para acompanhar? Buscar pelos especialistas? Focar nos simpósios?
Cheguei com um dia de atraso na terra dos camelos. Saímos do Rio uma hora e meia depois do previsto e, com isso, a conexão em Londres foi perdida. Ok, nada mal passear por 'London London'... valeu até encarar o frio. A única coisa ruim é que eu chegaria domingo, véspera do primeiro dia de Congresso, e tinha planejado o dia livre para me ambientar pela cidade e dar uma analisada com mais afinco na programação científica dos cinco dias de evento.
Pouso / imigração / mala / transfer / hotel! Ufa!
Algumas horinhas de descanso me separavam do IDF2017.
No dia 4 de dezembro eu estava lá, fazendo meu registro como delegada e como imprensa.
Crachás e material na mão... valendo!!
Em 2013, no Congresso Mundial de Diabetes da Austrália, eu estava por minha conta. A carga em cima do trabalho aprovado também era grande, afinal era uma paciente entre tantos especialistas. Mas o risco era só meu.
Agora, era o meu nome junto com o de outros 7. Sem meio termo, ou dava certo para todos ou dava errado para todos.
A vergonha que ainda me acompanha em algumas situações teria que ser deixada de lado.
Quem estava ali era a Juliana representante da Revista. Uma representante por todos os 8.
Foco no trabalho e em frente!
A cada dia uma experiência diferente.
A cada dia um assunto - novo ou velho - chamava a atenção de uma maneira.
De uma palestra vinham registros que gerariam ideias e dariam forma a outras matérias.
De uma conversa com uma pessoa, outra era apresentada.
De um assunto específico, outros tantos surgiam.
As discussões eram da primeira à ultima hora do dia.
Nosso trabalho lá, pronto para ser visto.
Nosso trabalho aqui, sem parar.
Acompanhamos o Congresso e divulgamos a tempo e a hora.
O peso da causa do diabetes fez o Sheik de Abu Dhabi se fazer presente na abertura do IDF2017.
É epidêmico. É sério.
E também é viável.
Foi bacana ver que em quase todas as palestras, fossem de educação, tratamento, tecnologias, a conclusão era semelhante: "o diabetes é uma parte de mim, mas não me define".
Pacientes, médicos, profissionais de saúde, educadores. Os exemplos vieram das fontes mais distintas, mas todos mostrando que a força vem quando acreditamos que o diabetes não deve ser um fator limitante e impeditivo, que a força deve começar dentro da gente.
E aí isso cai por terra no momento em que você escuta um depoimento de quem tem a força e a independência negadas na base, seja por falta de apoio do entorno - família, amigos, círculo social, trabalho - ou por uma depreciação absurda que ainda acontece em algumas culturas, levando a crer que quem é diagnosticado com diabetes deixa de ser útil.
Enquanto se propaga a visão de que com educação e controle a vida com diabetes não chega nem perto de ser uma sentença, existem aqueles que só enxergam a pessoa com diabetes como um estorvo.
De tudo que eu vi, li e ouvi, isso foi o que mais me chamou atenção. Posições e posturas tão conflitantes. Como pode?
Se por um lado se discutia a falta de insumos que o Brasil e muitos outros países enfrentam, por outro era preciso também falar de discriminação e falta de tratamento por vergonha ou medo de exclusão.
Enquanto se falava das ações necessárias em casos de desastres naturais, também se destacava o número de casos de depressão associados ao diagnóstico.
Se a gente acredita que um conceito foi amplamente entendido, entre tantas histórias a gente percebe que tudo pode ser maior, pode ir além. É assim com a educação em diabetes. Mais do que saber da importância e do papel que ela representa, é fundamental considerar os hábitos e crenças do local, para que o programa de educação tenha pela eficácia.
O que fica de conclusão, na minha visão, é que a questão deve ser sempre avaliada e cuidada na íntegra. Não a doença, a pessoa.
Não somente a glicemia, mas os sentimentos.
Não somente os horários de aplicação de insulina, mas a rotina real do dia a dia de cada um.
Ah sim, e falando em cada um: cada um deve ter um tratamento seu, único, próprio.
- Ah, mas isso é óbvio.
Na teoria sim, na prática nem sempre.
Então, o alerta segue.
5 dias de conversas, contatos e muito trabalho.
5 dias admirando cada uma daquelas pessoas que se dedica a fazer da vida das pessoas com diabetes o melhor possível.
Acabou e eu estava esgotada. E estava plena!
Mais uma vez eu tive a oportunidade de participar de um evento que é o maior do mundo sobre o tema.
Tanto aprendizado!!
Agradeço à Cris, a quem tenho uma gratidão imensa por ter me colocado nessa empreitada do jornalismo e da comunicação social. Mais: pelos ensinamentos e pelo caminho que tem me ajudado a trilhar.
À equipe da nossa Revista, pela parceria e confiança. Estávamos todos lá no Congresso!
À Claudia Pieper e Sonia Castilho pela orientação, o conhecimento dividido, a companhia e o riso.
À turma de brasileiros que esteve junta por lá e fez os dias serem mais leves.
Meu trevo, sem você essa viagem não teria acontecido.
Muito, muito obrigada!
No meio dessa correria toda entre trabalho e passeio - claro!, a glicemia me deu boas rasteiras.
Curioso né?! Justamente quando o mundo se encontra para falar sobre a doçura...
O fato é que praticamente nada vinha com informação nutricional.
A 'chutagem' de carboidratos não deu tão certo e ainda teve o fator fuso horário (6 horas a mais em Abu Dhabi), que interferiu principalmente na chegada lá.
Nada que me tirasse o prazer do trabalho e nem interferissem nas horas tiradas para explorar a cidade.
A engenharia perfeita impressiona! Mas é tudo tão artificial, tão montadinho, que não chega a encantar.
O mar é lindo, o pôr do sol com aquele sol gigante é pleno, mas só.
E, com todo respeito, 'ver' a obrigatoriedade de mulheres andarem cobertas seja por crença ou imposição, não me agrada. Só consigo enxergar um cerceamento de liberdade.
Nem nos voos a glicemia se comportou...
Eu costumo apostar na refeição especial, para 'diabetes', e geralmente funciona. Mas dessa vez acabei me arrependendo. Na verdade, o que a British fez foi somente tirar a sobremesa e não me dar a opção de escolha entre os dois pratos disponíveis. A única vantagem é que a refeição especial chega antes de servirem as demais.
Tive uma hipoglicemia no voo de volta, já na conexão.
Previsível... dois dias vagando em aeroportos até conseguir de fato embarcar para o Rio, sem comer direito, cansada, irritada.
Ataquei um chocolate que estava na mochila e quando a comissária chegou com o meu almoço, ela logo percebeu que eu estava em uma "sugar rush". A minha expressão devia ser de um certo pânico, porque eu nem precisei falar nada para ela concluir que eu estava realmente com pressa de ingerir açúcar e sair daquela situação!
Não tive problemas, mas uma hipo grande (foi uma LO...) em um voo a 40.000 pés de altitude foi tensinho.
Depois de toda essa comilança, o rebote.
Pois é, essa pressa do açúcar me fez devorar toda a refeição sem parcimônia e sem nenhuma dose de insulina de ação rápida para garantir a quantidade de carboidratos que estava ingerindo.
Lá foi a glicemia de uma vez só para o alto e avante!!
Corrigi, assisti mais um filme, dormi e só me restava acalmar os ânimos e esperar as horas de voo que faltavam.
Cheguei, a semana passou voando e ainda estou organizando tudo por aqui.
Enquanto isso, a certeza de que quando fazemos algo em que acreditamos, o resultado vai ser sempre positivo.
..."Minha trupe vai levantar poeira
Todo dia eu tô de prontidão
Guardião do prazer, da brincadeira
E gratos por sua atenção
Revelamos aqui de mão primeira
Mas se é sonho ou verdade eu não sei não"...
(Sonho / Rodrigo Maranhão)
Nos cabe seguir buscando o melhor, para a gente e - principalmente - para cada pessoa que convive com o diabetes.
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