Do nosso - doce - poder!

Sempre digo que o diabetes não interfere em nada na minha vida. Hoje, mais ainda, o que eu consigo perceber é que a vida é que interfere no diabetes.

Eu trabalhava, assim como tantas outras pessoas, naquele esquema 8h / dia (que nunca eram somente as oito horas), 5 dias / semana (fora as respostas imediatas muitas vezes necessárias ao longo do final de semana). Viajava à beça. Mas eu nunca reclamei desse esquema de trabalho, meus projetos eram meus xodós. Me dedicava por inteira e defendia como se fosse 'dona' daquilo tudo que saía do papel e se formava na minha frente.
Só que, no fundo, isso acabava sendo sim uma fonte de estresse e interferia diretamente na minha doçura.

Por uma questão pessoal, quando alcançamos uma fase do projeto próxima ao encerramento, decidi sair. Desde então, trabalho de casa. Uma reunião aqui e lá, mas na maior parte do tempo estou trabalhando em casa. Com isso, gerenciar meus horários, as minhas refeições e o meu tempo ficou bem mais fácil.

Agora, além de conseguir me dedicar muito mais a esse mundo de educação em diabetes, também consegui ter um maior controle das minhas glicemias e reduzir a minha hemoglobina glicada.

Uma forma de manter o foco no que importa e em avaliar como as ações dessa correria louca do dia a dia com mil horas de trabalho interferem é manter um caderninho, uma planilha ou até uma nota no celular para anotar suas glicemias, o que você comeu nas refeições e como isso interferiu na variação glicêmica, o quanto de insulina foi usado, o que fez a glicemia baixar ou subir demais em um certo momento...

Quando acontecer ou quando você se sentir a ponto de entregar tudo, recorra às suas anotações e lembre o que pode acontecer se deixar a saúde em segundo plano. Medir a glicemia não deve ser um esforço, não deve ter justificativa para não fazer. "Ah, tenho uma reunião agora e não vou conseguir medir...". Não! Se tenho uma reunião, meço antes ou até durante - nunca tive problemas em fazer isso.

Eu sei que em muitas empresas isso pode ser uma questão. Os olhares vem, o preconceito aparece. Eu tive medo no começo... medo da empresa me tirar da frente de batalha de algumas atividades por conta do meu diagnostico, medo de ser considerada menos capaz por ter que cuidar de uma 'doença'. Mas não aconteceu. Quando alguma situação específica ocorria, eu explicava o que estava fazendo e porque era preciso fazer. Mais uma coisa que ajudou nesse processo foi logo contar na empresa (para a minha equipe e meus chefes imediatos) sobre o diagnóstico.

Já fui 'proibida' de viajar pela minha endocrino num momento de muitas flutuações de glicemia que geraram ajustes nas minhas doses de insulina. Até que tudo se estabilizasse, ela preferiu me manter por perto. E, mesmo assim, não me senti limitada ou debilitada. Consegui compreender que era importante respeitar o que o corpo estava sinalizando.

Para ajudar a cada um de nós, docinhos, a lembrar que mesmo os momentos ruins e de preguiça da condição passam, deixo um trechinho de uma palestra sobre Autoempoderamento feita pelo Ken O'Donnell, do Brahma Kumaris:

- "Todo dia é um dia novo!"
- "Compreensão (o que precisamos compreender), consciência (como desenvolver) e prática (como praticar) são os pilares do autoempoderamento".

Enxergar o que podemos fazer de outra maneira e como podemos agir diferente, sem peso e sem carregar o mundo nas costas, é um exercício constante.
A questão é que os resultados desse processo mostram que podemos ter a mesma vida, com as mesmas pessoas... mas com atitudes diferentes. 

E aqui cabe uma observação: não é só quando falamos da rotina puxada do trabalho que precisamos parar e repensar nossas atitudes e nossa postura. Isso também vale para um eventual momento de preocupação, chateação ou até quando falta motivação.

"Tudo começa com nosso estado de consciência".
Até um melhor resultado na glicemia de cada dia, acreditem!

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