De falar, dividir e fazer acreditar...

Malinha em andamento, ideias flutuando e a expectativa de um final de semana de encontros, reencontros e muito assunto sobre a doçura.

O diabetes é o elo; a importância da educação, do conhecimento e da informação, o caminho.
Diferentes pessoas, cada uma com seu jeito único de levar os dias convivendo com essa condição...  Amanhã embarco para São Paulo com a missão de fazer uma palestra no 1º Encontro de Blogueiros de Diabetes. O tema: "A importância das redes sociais na propagação de conteúdo de qualidade sobre o diabetes".

Uau! Que responsa!!
Colocar a carinha para rodar o mundo pelas redes requer um tanto de desprendimento (e eu tenho consciência de que ainda não me soltei por completo...). Falar sobre os nossos tratamentos, sobre o que dá certo e o que dá errado, sobre as dúvidas que seguem aparecendo mesmo depois de 8 anos e pouco de diagnóstico, não é uma tarefa simples. Saber que outras pessoas estão lendo e tomando como base o que a gente escreve, é mais complexo ainda.

Quando conversamos olho no olho, a interpretação do que é dito fica mais fácil. Quando eu escrevo e você lê, não tenho controle sobre como você entende o que eu quis dizer de fato.
Isso não me faz parar, só me faz ser cuidadosa ao extremo.

Se vou abordar um tema que não domino, estudo e pesquiso um monte antes. Se for sobre alguma coisa que aconteceu comigo, na minha rotina, em relação ao meu tratamento, explico ao máximo destacando causas e consequências, para evitar qualquer confusão ou um entendimento errado.

Me saber 'influenciadora' e ter uma glicemia pós-prandial em 230mg/dL, por exemplo, me dá medo.
Uma hipoglicemia no meio da madrugada me dá medo.
Calcular a dose de insulina de correção e passar longe do resultado esperado, me dá medo também.

Eu levo a vida com o diabetes numa boa, de verdade. Eu sei que muito do que eu obtenho como resultado no meu tratamento vem, acima de tudo, do meu empenho e do que tenho de entendimento e acesso à informações corretas sobre o diabetes.
Mas isso não é garantia de que vou ser forte, focada e segura o tempo todo. Tem dias e horas que não há insulina, exercício ou alimentação equilibrada que orientem a glicemia e o meu juízo.

Apesar de ser confiante de que o diabetes não vai me derrubar, esses momentos me deixam vulnerável. E estar vulnerável é o que me dá o maior medo de todos!

Por isso, ser chamada para dar uma palestra falando sobre a qualidade da informação e a importância de se compartilhar informação nas redes, para que outros pacientes tenham a oportunidade de ver e, quem sabe, aprender, significa muito!
Honrada? Bastante! Ansiosa? Claro!
E, acima de qualquer coisa, bem feliz por poder propagar um pouco da minha experiência tanto como diabética quanto de 'blogueira'.

Que eu possa seguir assim, na missão de falar. De mostrar. De fazer acreditar.
Para fechar, um texto compartilhado há um tempinho por uma pessoa querida e especial, que me inspirou e segue ajudando a manter o prumo no que importa:
"Nego-me a submeter-me ao medo
Que me tira a alegria de minha liberdade
Que não me deixa arriscar nada
Que me torna pequeno e mesquinho
Que me amarra
Que não me deixa ser direto e franco
Que me persegue
Que ocupa negativamente a minha imaginação
Que sempre pinta visões sombrias.

No entanto, não quero levantar barricadas por medo do medo
Eu quero viver, não quero encerrar-me.

Não quero ser amigável por medo de ser sincero.

Quero pisar firme porque estou seguro
E não para encobrir o medo.

E quando me calo, quero fazê-lo por amor
E não por temer as consequências de minhas palavras.

Não quero acreditar em algo só por medo de não acreditar.

Não quero filosofar por medo de que algo possa atingir-me de perto.

Não quero dobrar-me só porque tenho medo de não ser amável.

Não quero impor algo aos outros pelo medo de que possam impor algo a mim.

Por medo de errar, não quero me tornar inativo.

Não quero fugir de volta para o velho, o inaceitável, por medo de não me sentir seguro no novo.

Não quero fazer-me de importante porque tenho medo de ser ignorado.

Por convicção e amor, quero fazer o que faço e deixar de fazer o que deixo de fazer.

Do medo quero arrancar o domínio de dá-lo ao amor.

E quero crer no reino que existe em mim."
(Rudolf Steiner)



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