"Senta que lá vem história!"


Com pouco mais de dois anos de Insulina Portátil, realizei que em nenhum momento eu contei aqui como tudo de fato foi descoberto.

Então chegou a hora. 
Porque foi de uma forma inesperada e onde só eu não percebia os sintomas. Mais: deixei passar um ano entre a primeira suspeita e o diagnóstico!



Como todo ano, marquei consulta com a minha ginecologista para fazer todos os exames de rotina. E como todo ano, o resultado saía e era encaminhado direto para o e-mail dela, que analisava, me ligava dizendo que estava tudo ok e pronto. "Um beijo e te vejo ano que vem".

E foi quase desse jeito em Março de 2008, a não ser por um único detalhe: minha glicemia estava alterada. Em jejum, tinha dado como resultado 170mg/dl. Já que todo o exame estava bom e dentro dos índices esperados, a recomendação foi para que eu repetisse o exame apenas para confirmar a glicemia, pois tudo indicava que era erro do laboratório.

E foi justamente esse ponto que eu fixei. E assim segui... afinal, se era erro significava que tudo estava bem. Não refiz. Deixei passar.

1 ano depois voltei para a consulta com a ginecologista. Tudo de novo e o resultado: a glicemia estava em 330 mg/dl!

Ela já desconfiava do que aquilo significava. Eu não fazia idéia!

Os sintomas eram claros, mas não pra mim.

Eu estava trabalhando em um projeto no Maranhão e justificava a sede constante ao calor que fazia por lá. Da mesma maneira, a vontade constante de fazer xixi era porque eu bebia muita água... Simples assim.
Sempre comi muito bem. Desde pequena, mau humor significava fome. Então, de novo um sintoma passou despercebido. E olha que eu tomava café da manha, saía de casa para trabalhar e quando chegava no escritório já estava novamente com fome.

Também tinha perdido muito peso em pouco tempo, mas creditava isto ao ritmo de trabalho + ensaios, embora algumas pessoas próximas me alertassem com frequência para o fato de que eu estava muito magra, que eu deveria procurar um médico...

A apenas 10 dias de fazer uma viagem de 3 semanas a trabalho para o exterior, fui pela primeira vez na vida a uma consulta com endocrinologista.
Minha Super, que foi indicada pela ginecologista (elas são amigas e isso fez diferença para mim e ajudou bastante!).

"Louca! Ela só pode estar louca. Eu não tenho diabetes." Este foi o pensamento no segundo em que ela me deu o diagnostico: diabetes mellitus tipo 1.

Sim, sim... a reação de imediato foi negar! 

Ela me examinou da cabeça aos pés, conversou à beça comigo.

Eu não consegui acreditar. Não eu. Que não comia doces, que me alimentava bem. Levei um susto dos grandes!

E aí veio a segunda noticia: que a partir de então eu deveria tomar insulina diariamente. Pronto, como se não bastasse a "doença", já estava num estágio grave!

E, ainda bem, eu estava completamente enganada com essa conclusão. Na mesma consulta, ela já me explicou a diferença entre os dois tipos de diabetes mais conhecidos e as formas de tratamento de cada um deles, o que me fez aprender que o fato de tomar insulina não estava diretamente ligado à gravidade do DM.

Além disso, foi super gentil e soube lidar com meu susto (e o meu choro!). 
Ali ela conquistou a minha confiança e a mim.

Confesso que não absorvi muito do que me foi dito nesta primeira consulta, mas aos poucos fui aprendendo a lidar com toda aquela 'novidade' e a tal viagem a trabalho (que teve uma semaninha a mais dedicada exclusivamente a passeios e turismo!) foi o primeiro passo para eu entender que o diabetes não era uma bola de ferro presa no meu pé.

Cada um reage de uma maneira à situações difíceis. Isso é inquestionável. 
Mas o que fica e eu faço questão de ressaltar com meu lapso, é que quando se trata de saúde não se pode e nem se deve esperar.
Não pode deixar a dúvida no ar. 
Busque, investigue, corra atrás.
Longe de mim entrar na onda do "e se...".

Mas como bem disse a minha Super lá em 2009, só agradeço a sorte (e ao meu Anjo da Guarda forte, que estava do lado!) por não ter tido nada grave e sério neste período!

Comentários

  1. Voce é um exemplo, beijos tia Ci

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  2. O mais triste é que nós, da família, não soubemos alertar...Até hoje eu penso muito nisso. Mas graças a Deus você soube superar com sua alegria contagiante! Você é MIL!
    Beijos da dinda.

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  3. Ju, belíssimo texto. Beijos!!

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  4. Reli várias vezes. !!!
    Preciso desse exemplo !!!

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